A e-Consulting, Boutique Digital de Conhecimento que cria, desenvolve e implementa estratégias competitivas e serviços para grandes corporações, anunciou os 13 fatores que irão nortear o desenvolvimento competitivo das empresas nos próximos dez anos, identificados pelo seu Strategy Research Center (SRC).
1) Era do Conhecimento: “É consenso que ainda estamos engatinhando na Era do Conhecimento, mas ela chegou para ficar”, avisa Daniel Domeneghetti, diretor de estratégia e conhecimento da e-Consulting e vice-presidente de conhecimento e métricas da Camara-e.net.
2) Uniqueness: Por conta das ISO 900x, produtos não apresentam mais quase poder competitivo algum, uma vez que sua competitividade está diretamente ligada à diferenciação (uniqueness) e a ISO tem como premissa normatizar qualidade.
3) Serviços não são diferencial: Serviços também terão seu padrão de qualidade normatizado, deixando, nos próximos 3-5 anos, de representar o diferencial atual. Se o padrão internacional de atendimento a necessidades (SLA) e expectativas (SLM) serão itens de contrato, então não serão diferenciais para ninguém.
4) Valor nos ativos intangíveis: Se produtos e serviços não serão considerados mais diferenciais competitivos das empresas, então elas terão de concentrar seus esforços (investimentos) na busca pela diferenciação a partir dos ativos intangíveis (modelo de negócios, conhecimento organizacional, capital intelectual, estrutural e comercial, poder de barganha na cadeia de valor, marcas, patentes, direitos autorais, P&D, inovações, design, segurança etc). Isso quer dizer que produtos e serviços são condição básica de competição, mas não garantem sobrevivência.
5) Tecnologia é meio: A tecnologia, por si, não assegura diferencial competitivo algum às empresas. Seu real diferencial se traduz em como ela é utilizada, escolhida e de que modo são extraídos dela benefícios para as organizações, como ganhos de vantagem competitiva – seja por posicionamento estratégico, otimização de processos ou gerenciamento de conhecimento – e geração de valor para os acionistas, seja pela redução de custos ou geração de receitas e valor intangível.
6) Governança global: É inexorável aprendermos a viver em um mundo globalizado, aonde o fluxo de pessoas, capital e informações será cada vez maior. A premência da definição de uma lógica global de operações (sistemas, modelos, políticas e éticas) é natural. Os organismos independentes e comunitários, do tipo ONU, serão os estandartes da governança global. A lógica do networking prevalecerá e quem não souber coopetir (competir e cooperar) nesse cenário estará fora do mercado. A pressão social por uma redução nos gaps sócio-econômicos entre as nações será insuportável. A Internet será a ferramenta da inclusão social pela educação. E educação é cidadania. Cidadania é consumo.
7) Capacidade de precificação do ativo intangível: Sobre a crise pontocom, a sobrevalorização dessas empresas se deu em função da incapacidade de o mercado precificar ativos intangíveis de maneira ´racional´.Sobre a quebra de mega-corporações e o questionamento da idoneidade das empresas de auditoria (e de suas filhotes de consultoria), o sistema de ´satisfação contábil´ a que o mercado está acostumado está completamente ultrapassado, cheio de corrupção intrínseca e, portanto, incapaz de ser entendido como balizador fundamental das atividades econômicas no mercado de capitais.
8) Valor para acionistas: Os acionistas estão absolutamente inseguros em relação à idoneidade e qualidade do processo de valoração das empresas e divulgação de seus balanços. Há dúvida em relação aos modelos de compensação, principalmente de CEOs, que muitas vezes acabam ganhando fortunas sem entregar resultados ou, pior, participando das fraudes acima referidas. A governança corporativa está na ordem do dia, bem como os modelos de atrelamento de salários e recompensas à performance e resultados (EVA, Balanced Score Card, entre outros).
9) Mudança no sistema contábil: É certo que o sistema contábil tradicional irá mudar nos próximos anos, porque sua fixação em ativos tangíveis (físicos) não reflete mais o real valor das empresas; porque as empresas precisam captar dinheiro no mercado para continuar investindo em P&D, inovação e tecnologia; e porque os acionistas não aceitam mais ter seus ativos precificados de forma inconsistente.
10) Lógica do “Eu S.A.”: Estamos na lógica do “Eu S.A.” e isso quer dizer que os profissionais não mais aceitarão os atuais modelos de remuneração. Ou seja, se por conta da Internet e da TI temos mais acesso à informação, então temos mais capacidade de nos educarmos e evoluir profissionalmente. Desejaremos, cada vez mais, participar do resultado que gerarmos às empresas. O empreendedorismo será um de nossos skills mais necessários. Exigiremos modelos de compensação mais justos, que paguem de fato o valor que qualitativamente achamos que temos e que quantitativamente agregamos às empresas. Para sermos pagos como merecemos, as empresas precisarão crescer (a economia global precisará crescer) e, para crescer, as empresas precisarão captar dinheiro no mercado.
11) Budget por projetos: A alocação de budget nas empresas sofrerá mudanças violentas, porque as corporações estão cada vez mais projetizadas e os acionistas não mais apoiarão investimentos não justificados estratégica e financeiramente, havendo, portanto, a obrigação de se desenvolver métodos de alocação eficiente de recursos para investimentos nas empresas. Não fará mais sentido se alocar budgets anuais por departamento, mas por projeto. A nova razão será que cada dono de projeto será um empresário, sócio da empresa que financiou seu projeto e terá de dar resultados reais e tangíveis para continuar merecendo investimentos.
12) Proteção de valor: Se conhecimento é valor, então o valor precisa ser protegido. Todos os ativos intangíveis, mais especificamente o conhecimento (dados, informações, experiências, documentos etc), precisarão ser protegidos (tecnológica e juridicamente), por conta de se correr o risco de se perder valor. Em razão da mudança da estrutura dos balanços das empresas, que passarão a reportar os ativos intangíveis como ativos quantificados de fato, uma empresa ter sua base de dados e conhecimento violada, roubada e copiada pode significar perda de valor real da companhia refletida em balanço. Portanto, segurança eficiente de informação/conhecimento deve vir junto com gerenciamento da informação/conhecimento, suportada por políticas e tecnologia.
13) Evolução do sistema jurídico: Se isto é verdade, então nosso sistema jurídico deverá prever e tipificar esse modelo de crime, qualificando-o, inclusive, como crime contra a ordem financeira, dentre outros possíveis. Idem para propriedade intelectual, estelionato, crime contra o consumidor, responsabilização penal e transnacionalidade.