Teve uma época no meio corporativo, em que a melhor opção para as empresas na realização de algum produto ou serviço era a contratação de terceiros. Entretanto, com o aumento desse tipo de empresas no mercado, como seria possível escolher aquela que melhor poderia oferecer o trabalho e a um preço vantajoso? Assim, começou a surgir a ideia de uma nova forma de colaboração, a colaboração em massa, ou o chamado crowdsourcing. Apesar dessa denominação aparecer pela primeira vez em 2005, em um artigo de Jeff Howe, editor da revista Wired, ela ainda é um estratégia nova no mercado. “Empresas ou plataformas que utilizam do crowdsourcing como uma maneira de criar e entregar seus produtos conseguem criar um modelo econômico muito diferente de empresas tradicionais”, explica Vitor Peçanha, co-fundador da Rock Content. “Por meio do crowdsourcing é possível diminuir custos fixos, principalmente com RH e administrativo, pois não há funcionários registrados, por exemplo.”
Na verdade, essa questão financeira só é possível, pois o crowdsourcing pode ser definido quando a empresa conta com a ajuda de profissionais não contratados para realização de algum projeto, criação de logos, correção de erros ou outros fins. O diferencial, ainda, dele é que muitas vezes as colaborações vêm de amadores ou pessoas não especializadas no serviço, mas que possuem conhecimento e disposição para ajudar. Um exemplo é o site Wikipedia, seu conteúdo é alimentado pelos próprios internautas, que também realizam correções, atualizações e etc. Inclusive, empresas vêm utilizando a técnica de colaboração em massa com seus clientes, por meio de trabalhos em que eles indicam qual seria, por exemplo, um serviço ou produto adequado ao seu perfil. “O crowdsourcing também permite que a empresa consiga atender uma quantidade muito maior de clientes, pois se a produção é feita externamente e sob demanda, é fácil dimensioná-la de acordo com o volume de novos negócios”, completa Peçanha.
No caso da Rock Content, o executivo conta que só seria possível ela existir por meio do crowdsourcing. “Somos uma startup de marketing de conteúdo que fornece artigos e e-books para outras empresas que querem começar a investir nessa modalidade. Nós não escrevemos nada internamente, mas utilizamos o crowdsourcing para gerar conteúdo para nossos 300 clientes por meio de escritores freelance.” Dessa forma, segundo ele, a empresa é capaz de atender os clientes de todo o mercado e ainda tornar o processo mais econômico. “Isso tudo permitiu que pudéssemos oferecer nossos serviços a um custo acessível e escalar a empresa de maneira eficiente, de 0 a 300 clientes em um ano e meio.”
Como os colaboradores, geralmente, também são consumidores, é maior também a probabilidade de que os serviços e produtos possuam uma maior qualidade. E entre os fatores comuns que existem nos diversos tipos de crowdsourcing, há: mais opções de serviços, ou seja, há uma maior possibilidade de se encontrar algum resultado que o cliente realmente goste dada a maior quantidade de sugestões dadas pelos profissionais que estiverem trabalhando em cima de uma ideia; mais interação e feedback, uma vez que as várias pessoas trabalhando no mesmo projeto irão trocar informações (em graus diferentes, de acordo com o modelo), aumentando a qualidade do produto final; e maior agilidade, já que com várias mentes pensando a solução de um mesmo problema o cliente fica menos suscetível a variações pessoais de cada profissional.
Para aqueles que desejam começar a utilizar o crowdsourcing em suas organizações, Peçanha esclarece que é preciso planejar muito bem, uma vez que é preciso saber onde esta técnica pode ser implementada, sem que a qualidade do serviço seja afetada, mas que, ao mesmo tempo, se torne eficiente e barata. “Isso irá incluir a criação de novas práticas, mudanças na estrutura corporativa e no atendimento ao cliente. Se esses processos estiverem bem desenhados, o cliente final só verá benefícios”, afirma. “O principal é conseguir pegar algum processo custoso e ineficiente e conseguir fazer com que através do crowdsourcing ele melhore e tome menos tempo da empresa, que pode focar em suas habilidades que realmente trazem valor ao cliente e não podem ser terceirizadas.”