Embaixadores da conquista

Quem não se lembra do Carlos Moreno nas propagandas da Bombril? Além de mostrar mil e uma utilidades, talvez seja um dos garotos-propaganda mais famosos do País. Também pudera, ele foi a cara da marca de 1978 a 2004, chegando a entrar no Guinness por ter uma campanha que mais ficou no ar. Porém, ações desse tipo já não são mais tão efetivas quanto antigamente. Primeiro, porque as mídias tradicionais – TV, rádio e revista, com campanhas caríssimas, já não atraem tanto e vêm perdendo espaço para novos canais, como redes sociais, aplicativos, vídeos, etc. Segundo, porque o público está cada vez mais em busca de mensagens que tragam algum sentido real em suas vidas. O desejo pela identificação é maior e eles realmente querem que a marca crie um diálogo honesto. Então, como chamar a atenção dos clientes, quando eles recebem milhares de propagandas por dia? Para se ter uma ideia, segundo Felipe Iacocca, sócio e diretor de estratégia da IWM Agency, uma pessoa é impactada por uma média de 3 a 5 mil anúncios por dia. “Centenas de milhões são gastos para se tentar chamar a atenção através da insistência e persistência, muitos dos quais sem nenhum controle sobre o retorno ou resultado”, comenta.
O caminho escolhido para conseguir gerar essa fidelização foi, então, buscar por pessoas que têm uma capacidade maior de convencimento sobre a marca, suas vantagens, mostrando por meio de suas experiências próprias a opinião sobre o produto ou serviço. Ou seja, influenciadores. “Como o nome já diz claramente, são aquelas personas em meio a sociedade que por credibilidade, carisma, conhecimento, liderança são admiradas e influenciam o comportamento das outras”, explica Iacocca. Mas qual seria a diferença entre esses representantes e os garoto-propaganda? De acordo com o executivo, é que agora, por conta da Internet e das mídias sociais, há pessoas anônimas que possuem um grande poder com seu público e esse realmente acredita no que é dito por eles. Justamente, pois a relação é mais próxima do que um famoso qualquer, que possui uma gama grande de produtos na qual anunciam. “Quando um grande jogador de futebol faz propaganda de banco, cartão de crédito, carro, plano de saúde, celulares, marcas de roupa, quando muito provavelmente nunca tenha jamais nem utilizado esses produtos, eu realmente não sei como a mensagem pode chamar a atenção ou fazer com que o público se lembre da marca”, assume ele.
 
Enquanto que, com influencers marketing, a mensagem tem um aspecto mais real ao público, o que pode funcionar, inclusive, mais do que qualquer outro tipo de propaganda. “O que fazemos é encontrar os verdadeiros e reais embaixadores de marca, que já utilizam o produto ou fazem sentido real para aquela mensagem de marca e criamos assim um conteúdo e narrativa”, afirma. Quando o cliente, então, sente que pode confiar naquilo que foi dito acaba sendo mais aceita ante aquelas milhares de campanhas recebidas por dia. Sem contar, o desejo aspiracional de conseguir ser igual ou estar próximo daquele embaixador da marca. Iacocca ainda pontua que os influenciadores não somente são capazes de fidelizar, como de criar relações reais com os consumidores. “Uma marca que se humanize na forma de um embaixador real, através de redes sociais, dialogando realmente com seus consumidores obviamente terá infinitamente mais empatia do que marcas que se relacionam somente na TV ou por uma ´assistente virtual fictícia e inventada´ em seu site.” 
Ele ainda conta um case de sucesso de sua agência, que foi com o aplicativo de carona colaborativa BlaBlaCar, quando ela chegou ao Brasil. Na campanha, a ideia foi mostrar o serviço de maneira diferente e, para isso, o projeto foi criado junto com Seu Jorge. Assim, foi produzido um vídeo em que o cantor deu carona para fãs, em uma viagem entre Rio e São Paulo. “A escolha do Seu Jorge passou por todo um estudo muito além da audiência e target, conforme a publicidade muitas vezes só consegue pensar”, detalha. Foram analisados o histórico do artista – que já tinha pego caronas na França, seu relacionamento com os fãs, seus valores com relação aos da marca e o fato de ele realmente fazer viagens entre as duas cidades de carro, já que não gosta de avião, foram fatores que ajudaram o escolher como embaixador. “Tudo isso foi pensado estrategicamente antes para que a história faça sentido e realmente seja autentica. Por vezes, se fossemos pegar uma celebridade da ´moda´ ou um super blogueiro, talvez ficaria com cara de ´mais um projeto´ com o mesmo nome de sempre, sem nenhum valor de ineditismo e fator ´uau´”, completa.

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