Empresas não devem ter um setor de inovação

Autor: Diego Figueredo
Quando, há alguns séculos, eclodiu a Primeira Revolução Industrial, os artesãos foram impactados por um maremoto que mudou drasticamente seus estilos de vida. Em poucos anos, as atividades realizadas do início ao fim de forma manual, generalista e individual passaram a ser desempenhadas coletivamente, com cada pessoa desempenhando uma função específica com o auxílio de máquinas.
Os avanços tecnológicos provocaram mudanças radicais nos processos de produção, nas relações de trabalho e nas empresas, que precisaram se adaptar rapidamente às mudanças ou seriam assassinadas pelos ataques daquela transição. E não foram poucas as que ficaram pelo caminho, esquecidas pela história por não conseguirem sobreviver naquele ambiente. Hoje, é incontestável que estamos passando por uma nova metamorfose.
Com o surgimento, implementação e adoção de novos procedimentos, principalmente relacionados à tecnologia, as empresas precisam se reiventar. E mais do que nunca é fundamental errar rápido, para consertar rápido e melhorar rápido. Ao mesmo tempo, projetos de grande porte não podem mais ser prioridade para essas companhias. Tornou-se obsoleta a ideia de passar muito tempo gastando rios de dinheiro para identificar se uma solução que foi proposta e está sendo desenvolvida irá atender aos objetivos iniciais.
As empresas precisam se aproximar do modelo utilizado pelas startups, onde a escassez de recurso e tempo é que são o combustível para a criatividade no processo de inovação. Esse processo, aliás, precisa ser efetivo. É natural que os empreendedores busquem formas de sair na dianteira por causa do medo de ficar para trás em uma das corridas mais disputadas e arriscadas, mas, ao mesmo tempo, inevitáveis, deste século.
No entanto, o momento de agitação faz muitas empresas cometerem equívocos sintomáticos buscando responder às imposições do mercado. Criar um setor específico para inovação, por exemplo, costuma ser um dos erros mais clássicos e recorrentes perpetrado pelos gestores. Por melhor que sejam as intenções, é importante esclarecer que é um erro muitas vezes irreversível.
Conceber uma equipe exclusiva para pensar em inovar sua empresa pode ser – e na maioria das vezes, é – ineficiente. Ela se torna responsável unicamente pela missão de desenvolver conceitos, ideias e oportunidades, sugerindo que essa atividade é restrita ao grupo. Isso reforça a ideia de que as outras áreas não precisam mais se preocupar com isso. Quando o certo deveria ser justamente o contrário.
Da mesma forma que a revolução industrial foi um divisor de águas na história, influenciando todos os aspectos da vida cotidiana comum e dos trabalhadores da época, a inovação deve ser um conceito, não uma ação singular. Todos os colaboradores da companhia precisam aprender a pensar em soluções novas para os problemas. E isso deve se tornar parte da estrutura organizacional e demanda indispensável para os colaboradores.
O futuro é implacável, o caminho é tortuoso e os próximos passos dessa jornada de transformação serão em estradas ainda não pavimentadas. O Brasil e as empresas nacionais têm nas mãos a oportunidade de vislumbrar os cenários possíveis e se tornarem pioneiras dessa revolução. Para isso é necessário, porém, que todos os colaboradores estejam em sintonia e que a inovação seja um trabalho de tempo integral.
Diego Figueredo é CEO da Nexo AI.

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