É inevitável, o tema do momento é a crise. Ela não sai da boca das pessoas, do mercado e nem das mentes preocupadas em conseguir procurar por caminhos que sejam menos árduos. É difícil, inclusive, pensar em algum setor que não tenha sido afetado. Até mesmo o varejo on-line, ainda que apresente resultados melhores que outros segmentos. Então, imagine uma área que já possui uma estrutura organizacional com grandes desafios, como é o caso da saúde. Uma prova é a dificuldade que hospitais filantrópicos, como a Santa Casa de São Paulo, e universitários têm em se manterem. Ou, ainda, a situação do Rio de Janeiro, cujo governador chegou a proclamar estado de emergência no início deste ano. Mas, antes de qualquer desespero, o presidente da Federação Brasileira de Hospitais, FBH, Luiz Aramicy Pinto, é direto: “não podemos perder a esperança a continuar a criar condições para ultrapassá-la (a crise)”.
Para isso, ele acredita que as empresas do setor devem manter o que se tem, funcionando bem e, quando possível, agregar novos equipamentos. “Toda essa situação que o Brasil está passando reflete em todos os setores e na saúde não é diferente”, pontua. E tal trabalho deve ocorrer, especialmente, na área de saúde suplementar, que corresponde aos planos e seguros privados de assistência médica. Segundo o executivo, é um segmento que tem uma média de crescimento de 6% ao ano nos últimos cinco anos. “Foi um crescimento percentual muito grande ao longo dessa década, de 2006 a 2015. Um crescimento considerável que é o retrato, mais ou menos, do Brasil.”
Quê retrato é esse? Se hoje o país tem em torno de 50 milhões de brasileiros com algum tipo de saúde, segundo dados da FBH, é porque passou por um momento de ascensão. O número de emprego subiu, bem como de acesso ao crédito, sem contar o crescimento da classe média. Essa escalada social permitiu com que as pessoas tivessem mais possibilidade ao consumo, bem como se sentissem mais favoráveis à compra e a um novo padrão de vida, que inclui mais cuidado à saúde ao contratar um plano. Com esse número crescente de novos clientes, o resultado foi também uma melhoria do segmento, a fim de oferecer uma assistência melhor ao público. “A saúde suplementar exerceu e ainda exerce um papel preponderante nas transformações do setor como um todo, porque ela é mais ágil”, comenta Aramacy Pinto.
Junto à isso, como há, também, a questão de concorrência entre os planos e hospitais, o cliente se fideliza àquela que melhor oferecer o serviço e atender com qualidade. E o resultado foi um desenvolvimento do setor de saúde como um todo, que passou a investir em mais tecnologia, não apenas para equipamentos de exames, cirurgias e afins, mas também em uma maior modernidade do atendimento ao cliente. Perceberam a necessidade de atingir a satisfação do público e até entender a seu alto grau de exigência. “O que nos preocupa hoje é que quando você vende um produto para dar assistência a um cliente, que ele tenha o máximo de satisfação para aquilo que está pagando. Isso, aqui no Brasil, ainda é um grande desafio”, reconhece o presidente.
Tanto que ele conta que o maior desafio do setor, no momento, é com a capacitação dos profissionais, até para que os hospitais estejam preparados para atender esse novo cliente, que é mais conectado, ágil e exige por respostas rápidas da empresa com quem se relaciona. “A ANS tem sido determinante nesse aspecto para que os hospitais se modernizem e desenvolvam tecnologia de informação, que venham favorecer não só as operadoras em si com a velocidade da informação, como também aos clientes. Porque hoje a velocidade da informação on-line é uma coisa sem precedente e isso é um assunto que tem sido preponderante nesse setor.”