Pesquisa realizada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), na primeira semana de dezembro, mostra as projeções de 50 instituições financeiras sobre 45 variáveis econômicas. O estudo mostra que a projeção de crescimento econômico para 2006 foi reduzida novamente, pela quarta vez consecutiva, de 3,04% em novembro para 2,85% em dezembro. Por outro lado, a estimativa de crescimento do PIB em 2007 manteve-se praticamente estável, em 3,47%.
“A divulgação do resultado do PIB no 3º trimestre de 2006, que mostrou expansão de apenas 0,5% em relação ao trimestre anterior e de 3,2% em relação ao mesmo trimestre de 2005, foi responsável pela revisão para baixo da expectativa para este ano. O crescimento acumulado no ano ficou em 2,5% e em 12 meses, 2,3%”, explica Ana Higa, Economista sênior da Febraban.
Os dados divulgados pelo IBGE, por setores, mostram que a agropecuária cresceu 1,1% no 3º trimestre de 2006 em comparação ao trimestre imediatamente anterior; a indústria teve expansão de 0,6% e o setor de serviços, de 0,4%. Pela ótica da demanda, destacou-se a expansão de 2,5% da formação bruta de capital fixo e o consumo das famílias que aumentou 0,5%. As exportações e importações tiveram variação positiva de 8,6% e 8,5%, respectivamente, enquanto o consumo do governo ficou praticamente estável (0,1%).
As perspectivas para 2007 são favoráveis, a variação esperada para a inflação é de 4,05% (abaixo do centro da meta definida pelo CMN), o que sugere espaço para que o Bacen continue reduzindo a taxa básica de juros. O ritmo de corte da taxa Selic esperado não é o mesmo que o verificado em 2006 (a redução promovida neste ano foi de 4,75 pontos porcentuais). A estimativa apurada pela Febraban é que a taxa básica encerre o próximo ano em 11,82%.
Além disso, as perspectivas para o comércio exterior brasileiro devem manter-se positivas. Estima-se um crescimento das exportações de 5,7% e das importações de 16,5%. O aumento das importações deve contribuir para que a economia cresça sem maiores pressões sobre o nível de preços. O superávit comercial estimado para 2007 é de US$ 37,2 bilhões contra uma expectativa de US$ 44,6 bilhões para o saldo comercial em 2006.
“Como podemos observar, em linhas gerais a expectativa para o ano que se aproxima é positiva, com a redução da taxa básica de juros contribuindo para a expansão do crédito e para o crescimento econômico. Mas, a julgar pelas projeções das instituições consultadas, isto não será condição suficiente para lograrmos taxas de crescimento econômico significativamente mais elevadas que as atuais”, comenta Ana Higa.