Final de ano magro para varejo


Férias, 13º salário, festas de final de ano. Estes são os elementos que costumam impulsionar as vendas do último trimestre do ano e literalmente aquecem o mercado varejista. Entretanto, neste ano, as vendas deverão ficar abaixo das expectativas. Esta é a conclusão do estudo “Expectativas de Consumo – Outubro a Dezembro de 2006”, conduzido pelo Provar (Programa de Administração de Varejo), da Fundação Instituto de Administração – FIA, em parceria com a Canal Varejo – Consultoria em Varejo de Bens e Serviços. A pesquisa faz parte do núcleo de estudos sobre o comportamento do consumidor e considerou a intenção de compras dos consumidores para os seguintes segmentos do varejo: automóveis, autopeças, casa, mesa e banho, eletroeletrônicos, foto e ótica, informática, linha branca, material de construção, móveis e telefonia e celulares.

Os resultados da pesquisa indicam que 63,2% dos entrevistados não pretendem adquirir produtos nos próximos três meses. Além disso, para quase a totalidade dos segmentos pesquisados há baixa intenção de compra, quando comparado aos índices registrados no trimestre anterior. “Os resultados são um reflexo da sobreposição e saturação dos meios de crediário e financiamento de bens duráveis”, explica o professor Claudio Felisoni, coordenador geral do Provar/FIA. “É importante ressaltar também que este comportamento retraído é influenciado por elementos como a percepção de estagnação do crescimento da renda, além da realização de eleições no período”, acrescenta o pesquisador.

Entre os listados pelos entrevistados como possíveis candidatos às compras deste período estão os produtos do segmento de informática, em primeiro lugar com 7,2% de intenção de compra, seguido pelo segmento linha branca, com 6,8%. Já o segmento de telefonia e celular mantém o terceiro lugar com 6,6% de intenção de compra. Porém, embora nos primeiros lugares das listas de compras, os três segmentos registraram queda significativa em relação ao trimestre anterior, com índices de 30,77%, 49,25% e 42,11% respectivamente. “O que se observa é uma realocação de consumo em função da manutenção, em patamares ainda elevados, da restrição orçamentária do consumidor” afirma o professor Luiz Paulo Fávero, coordenador técnico da pesquisa.

Outro fator interessante mensurado pelo estudo é a quantia que os consumidores pretendem gastar nessas compras. O setor de autopeças, por exemplo, registrou aumento de 223,44% nesta quantia, passando de R$ 320 reais, no último trimestre, para cerca de R$ 1.035 reais, neste próximo. Já o setor de móveis, apesar de figurar entre os últimos produtos na lista de intenção de compras, com apenas 2,8%, registrou aumento de 118,68% na intenção de gastos, passando de R$ 668 reais para R$ 1.461,54 reais, resultado absolutamente inverso ao apresentado no último trimestre.

Segundo a pesquisa, diferente dos resultados da intenção de compra, a maioria dos segmentos pesquisados apresenta aumento na intenção de gasto, tanto em relação ao terceiro trimestre de 2006, quanto em relação ao último trimestre de 2005. Para o professor Fávero, isto demonstra como os pequenos aumentos dos níveis de emprego e renda estimulam elasticamente o incremento do gasto após períodos de consumo represado e com presença marcante da facilidade de aquisição de crédito. “Os resultados novamente indicam que passamos por um período de economia de curto prazo no Brasil”, pondera.

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