Olhando para o mercado, é cada vez mais comum ver empresas tradicionais e já consolidadas unindo forças com as startups. Com ganhos para os dois lados, esse tipo de parceria vem se mostrando uma estratégia inteligente de se reinventar em meio a tanta transformação. “Atualmente existe um movimento de vários setores da sociedade para contribuir no desenvolvimento destes ecossistemas”, comenta Raphaella Gomes, diretora de inovação da área de etanol, açúcar e bioenergia da Raízen, resaltando que, embora ainda precise ser expandido, já há vários players participando de forma mais ativa e reconhecendo os benefícios desse tipo de parceria. “As grandes empresas colhem resultados rápidos de aplicação de novas tecnologias e experimentam uma nova forma de trabalho para geração de inovação.”
A própria Raízen vem passando por isso com a criação do Pulse. A iniciativa busca estimular a circulação de tecnologias e negócios que têm no DNA a busca pela inovação, por meio do incentivo ao capital intelectual e acesso a oportunidades. “Nosso objetivo é contribuir de forma significativa para que o setor agrícola e sucroenergético brasileiro assuma uma posição de protagonismo tecnológico e de inovação no mundo, fomentando o desenvolvimento do ‘vale do silício’ do agronegócio em Piracicaba no interior de São Paulo.”
Para a executiva, projetos como o Pulse são um mecanismo para manter o constante monitoramento e análise de oportunidades para os negócios, atraindo as melhores oportunidades e empreendedores/startups do setor e fomentando o ecossistema de inovação. “Como um agente ativo e influente no setor sucroenergético, queremos também alimentar o espírito empreendedor e colaborativo de nossos funcionários e os conectar às tendências tecnológicas”, destaca. Além disso, é encarado pela empresa como uma oportunidade de aprender novas formas de trabalho, acessar o que existe de mais moderno e inovador no mercado, discutir ideias, problemas e soluções com um grupo qualificado de empreendedores, além de fomentar o ecossistema de inovação e desenvolvimento tecnológico do setor.
Criado no segundo semestre de 2017, o Pulse funciona como um espaço de aceleração localizado em frente à sede da Raízen, em Piracicaba. “O Pulse é um espaço de fomento e geração de ideias. Mas, na minha visão, o maior ganho para as startups é o acesso a um vasto laboratório para testes dos seus produtos e serviços, que são as 26 unidades produtoras da Raízen.” A seleção das startups é feita a partir de empresas que trazem um olhar diferente de processos, produtos e prazos para a viabilização de novas tendências para evolução do setor – podendo ser desde empresas early stage (pré-MVP) até growth. O processo de seleção incluiu entrevistas e pitch day com participação de executivos experientes da Raízen e do mercado.
Ela revela que, hoje, a empresa possui um mapeamento de mais de 400 startups voltadas para o Agro, com 10 pilotos em andamento, em que a Raízen abriu as portas para que as tecnologias e seus modelos de negócio sejam testados e validados. Um desses projetos é a Agribela, que criou cápsula biodegradável para a liberação de inimigos naturais de pragas e já vem realizando os primeiros testes na unidade de Barra Bonita. “O projeto gera um ganho significativo, tanto do ponto de vista operacional como da sustentabilidade pelo fato de as cápsulas serem biodegradáveis. A tecnologia gera ainda um enorme potencial de ganho de escala, visto que as capsulas podem ser aplicadas por diferentes formas, como drones, tratores e aeronaves”, explica.
Raphaella conta ainda que o hub acaba sendo um local de encontro e circulação dos principais executivos do setor, que agregam inteligência e cultura inovadora no ecossistema”. Diariamente, recebe visitantes de diferentes perfis, interessados em inovação. A rede já conta com mais de 1.500 pessoas, com representantes de mais de 280 instituições e empresas diferentes da cadeia produtiva agro. “O Pulse proporciona contato com executivos experientes, especialistas e formadores de opinião, tanto da própria companhia, quanto do setor e é uma oportunidade para que grandes ideias tenham acesso facilitado a investidores, já que contamos com uma venture capital permanente, SP Ventures, além de acesso livre a demais investidores, incluindo a própria Raízen”, acrescenta a diretora.
IMPORTÂNCIA DAS STARTUPS PARA O MERCADO
Na visão de Raphaella, as startups oferecem a oportunidade de desenvolver soluções e ferramentas com impactos reais nos negócios fora do ambiente complexo das grandes empresas, identificando oportunidades de mercado únicas, antes nunca exploradas, mas com grande potencial de escalabilidade. “É uma comunidade de oxigenação de ideias com pessoas que acreditam no potencial de seus projetos e que se integram aos mais variados modelos de negócios e atividades econômicas.” Ela aponta também como destaque o fato das startups promoverem a conexão de jovens profissionais que apostam em ideias inovadoras e disruptivas, sem medo de arriscar. “A rapidez de sua forma de desenvolvimento de soluções e a possibilidade de testar suas tecnologias e de crescimento exponencial faz toda a diferença para que as empresas se mantenham competitivas no ambiente atual”, completa.
