Gastando mais do que recebe

Mais da metade das famílias brasileiras (51%) gastou mais do que ganhou em 2016. Segundo o Holistic View, levantamento da Kantar Worldpanel que mapeia os últimos movimentos de consumo no país, enquanto a renda média mensal dos brasileiros foi de R$ 3.108, o valor médio empregado em despesas ficou em R$ 3.159 no ano passado. De acordo com os dados, no período, 27% dos gastos foram destinados para alimentação e bebidas dentro do lar, higiene e limpeza caseira, 33% foram direcionados para habitação, transporte e serviços públicos, enquanto 40% para demais setores, como saúde, educação e lazer.
O item que mais contribuiu para o aumento dos gastos em 2016 foi a alimentação dentro do lar, seguida por transporte, saúde, alimentos e bebidas fora de casa, higiene pessoal, bebidas dentro do lar, artigos de limpeza, educação, comunicação e lazer. Nesse cenário, a classe DE surge como a que mais sofreu com as dívidas, uma vez que a renda média mensal de R$ 1.922 foi superada pelos gastos, na casa dos R$ 1.997. O Holistic View apontou ainda que quanto menor o poder aquisitivo, maior a importância dos produtos de grande consumo para os gastos – alimentação e bebidas consumidas dentro do domicílio, higiene e limpeza. Entre todas as classes, apenas a AB não tem como gasto primordial a alimentação dentro do lar – transporte aparece no topo com 16,5%, enquanto o item com 14,2%. Já na C e na DE, respectivamente, abocanha 21,6% e 26,2% do gasto.
 
A análise do ano passado revela também que a maior renda se concentra no Centro Oeste, Grande São Paulo e Sul, com os maiores gastos aparecendo no Grande RJ e Leste e mais interior do Rio. Mesmo comprometendo mais do que ganham, os brasileiros retomaram uma prática que se enfraqueceu durante os períodos de maior instabilidade econômica: os gastos fora de casa com alimentos e bebidas voltaram a subir. Entre os itens mais consumidos estão os sanduíches, lanches e salgados. O jantar aparece como a refeição menos realizada fora dos domínios do domicílio.
 
Outro destaque do período é que a comunicação ganhou ainda mais importância para os consumidores. No ano passado, cada lar, em média, empregou R$ 969 com conta/crédito de celular ou aquisição de aparelho. Em 2013, o valor era de R$ 767. Mesmo entre os endividados, os gastos com comunicação tiveram aumento de 23%. Muito além do uso para ligações telefônicas, o telefone celular é usado cada vez mais para acesso à informação, troca de mensagens, acesso às redes sociais e à internet para fazer pesquisa de preços e produtos.

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