Ao contrário do que muitos pensam a palavra “convergência” não se aplica apenas à tendência mundial de integração das mídias eletrônicas, em especial a internet e a televisão. Num processo cronologicamente muito mais avançado do que esse, o conceito já é praticado com intensidade e sucesso no âmbito da indústria gráfica, na qual o analógico soma-se cada vez mais ao digital, abrindo infinitas possibilidades de soluções para os seus clientes.
Esses rumos do mercado são delineados com muita clareza em recente pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) e coordenada pelo Grupo de Impressão Digital (GE-Digi) da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf). Ouviram-se 916 gráficas, sendo 204 digitais e 712 convencionais (que ainda não possuem máquinas digitais). É interessante notar que, no universo das convencionais, 35% estão realizando ou planejam realizar investimentos em suas plantas industriais em 2007 e/ou 2008. O montante desse aporte de capital deverá atingir R$ 190 milhões, sendo 9% (R$ 17 milhões) direcionados à área de impressão digital. Ou seja, os números indicam que digital e analógico convivem cada vez mais no mesmo chão de fábrica. Esse movimento parece ser irreversível.
A interação dos processos não pode ser conflituosa. Ao contrário, precisa ter a harmonia como parâmetro, numa estratégia de gestão focada nos anseios do mercado. A impressão digital, definitivamente, não concorre com o offset, mas sim complementa e amplia a gama de soluções. A partir de agora, é crescente sua importância para as gráficas, no sentido de que possam atender de modo pleno às necessidades de seus clientes, incluindo impressões de qualidade em pequenas tiragens, aplicações múltiplas dos dados variáveis e novas perspectivas abertas ao marketing de relacionamento.
Essa possibilidade de convergência no universo gráfico, como bem demonstra a pesquisa da Abigraf, sugere ser pertinente não mais planejar os investimentos das gráficas com foco específico num determinado equipamento ou segmento de negócios . É preciso, a partir das exigências e peculiaridades do nicho de mercado de cada empresa, estruturar a aquisição, de modo consciente e racional, de um pacote de soluções integradas. Mais do que nunca, o investimento correto torna-se fator exponencial de eficiência.
Mais do que processos herméticos, máquinas e equipamentos, as gráficas precisam dotar-se de soluções, completas e eficazes, que lhes possibilitem, com qualidade, custos competitivos e agilidade, atender às expectativas de seus clientes, comprimindo cada vez mais o intervalo entre a aprovação do orçamento e a entrega do serviço. Assim, é fundamental entender todo esse processo de transformação do mercado e conhecer como é possível aproveitar, como diferencial competitivo, as inúmeras oportunidades que ele abre no contexto da indústria gráfica.
Luiz Carlos Baralle é diretor comercial da T. Jáner.