* Por Jean D. Mathez
A internacionalização da indústria nacional não é uma opção: é uma imposição por força de duas grandes contingências: de um lado, a economia mundial e de outro, a evolução tecnológica. A economia mundial, porque dita as regras da política internacional, a formação de blocos de interesse, mercados comuns e outras áreas privilegiadas, tema este já amplamente debatido; e a evolução tecnológica, porque a demanda por capital cresce em ritmo exponencial e exige o respaldo de uma base de consumo cada vez mais ampla para se financiar.
Produtos e materiais estão em constante evolução por razões funcionais, econômicas, ergonômicas, e outras: Basta olhar ao redor para constatar que as esquadrias de madeira foram substituídas por perfis de alumínio extrudado, que agora o forro é de PVC, que o galpão industrial está coberto por telhas metálicas, que o pára-choque do carro é de plástico injetado… Ocorre que todas estas tecnologias permitem obter artefatos melhores e mais baratos, mas demandam vultosos investimentos em capital tecnológico, maquinários, ferramentas e instalações, e portanto escalas de produção muito maiores do que no tempo do artesanato.
Ao lado desta contingência, a permeabilidade dos mercados e a globalização da informação tornaram a vida comercial dos produtos drasticamente mais curta. Inovações tecnológicas, lançamentos e tendências da moda podem ser observadas on-line de qualquer parte do mundo, e provocam a obsolescência prematura, desde bens de consumo até insumos industriais.
A conjunção destes dois fatores – forte demanda de capital e reduzido ciclo de vida – é a mais perniciosa da história industrial e representa um desafio homérico para o investidor corporativo. Para obter o retorno do investimento em tempos cada vez mais curtos, é necessário aumentar drasticamente o consumo imediato, buscando agressivamente consumidores nos mercados mundiais.
Essa é a mola propulsora das alianças estratégicas internacionais, solução para transformar o problema da evolução tecnológica em vantagem competitiva: as partes concentrarem-se nas suas respectivas competências e desenvolvem sinergias mercadológicas. A “complementaridade” é o fator-chave de sucesso: tecnologias complementares, produtos complementares, mercados complementares. Dividir o investimento, multiplicar o consumo, ganhar tempo: é para isso que servem as alianças internacionais.
* Jean D. Mathez é diretor da Mathez & Associados Consultoria Empresarial