Autor: Alexandre Brandão
Conceitos como Inteligência artificial, Big Data, Internet das Coisas (iOT), robótica e blockchain foram apenas algumas das inovações que provocaram grandes rupturas no ambiente de negócios. Essas tecnologias forçaram as empresas a adotarem novos modelos, transformarem seus produtos e serviços e se conectarem às contínuas mudanças que acontecem atualmente. Quem não conseguiu se adaptar e inovar, fracassou, como a Kodak e a Blockbuster, por exemplo. Enquanto isso, outras companhias que nasceram com a evolução cresceram exponencialmente, como é o caso do Nubank, GoPro e Tesla. Essas três últimas, no entanto, por mais que tenham conseguido gerar uma escalabilidade, resolvendo problemas, possuem algo em comum: são organizações muito bem-sucedidas, valiosíssimas, que se preocuparam em crescer rápido, mas não necessariamente em gerar lucro ou então ainda não lucram tanto quanto poderiam.
Muitas empresas e startups similares que conheço estão tão focadas no crescimento exponencial e na disrupção que nem sequer se preocupam se a sua estrutura está gerando lucro. A grande dificuldade disso é entrar em um loop e queimar margens de lucro em troca de um rápido crescimento, e depois não conseguir mais voltar atrás e ajustar o modelo de negócio para gerar os ganhos esperados. Essa forma de gestão fez com que muitas empresas e startups de rápida ascensão tivessem uma velocidade igual de queda, como foi o caso da Snapchat. Sem capacidade de se manter, justamente pela falta de lucros.
O que queremos ser? Uma empresa robusta com dificuldades de adaptação, ou uma empresa veloz com dificuldades de formação de caixa? Infelizmente a história nos mostra que ao escolher qualquer um desses dois caminhos a probabilidade de levar sua empresa ao fracasso é maior do que imagina. Colocando assim em xeque as decisões de um gestor sobre a sua companhia. Blockbuster ou Snapchat?
Já no início dos anos 2000, muito antes dessas marcas serem concebidas, os pesquisadores Michael Tushman e Charles O´Reilly propuseram um modelo para que as organizações sobrevivessem e se adaptassem às mutações. Para tanto, elas teriam que se tornar ambidestras. O que isso significa? Nada mais é do que “abraçar o antigo e o novo e promover um conflito criativo entre eles”, conforme destacou Tushman. Em outras palavras, como o próprio nome indica: trabalhar com as duas mãos – uma para manter o negócio como está, e a outra para cuidar da parte inovadora e criativa. Aqui poderíamos parafrasear em, uma mão busca a geração lucros para o negócio, e a outra cuidar da parte inovadora e do seu crescimento.
Para alcançar a tão sonhada sobrevivência, um dos principais desafios das organizações consiste em explorar o seu modelo de negócios tradicional e implementar novas referências amparadas nas tecnologias que temos disponíveis. O processo de crescimento e, consequentemente, a busca por atingir o topo é fundamental, mas a margem de lucro é imperativa. Estar à frente gera longevidade, mas o foco deve estar equilibrado entre o que aconteceu e o que está por vir. Disrupção não diz respeito apenas ao futuro, como muitos imaginam. De nada adianta crescer se não conseguir ficar de pé.
Uma liderança ambidestra tem sensibilidade e habilidade para caminhar entre a maturidade e a novidade. O segredo está em unir o melhor dos dois mundos e, com isso, permanecer no mercado em uma posição de destaque, gerando lucro. Portanto, é apertar os cintos e voar rumo ao futuro, sem deixar nada para trás.
Alexandre Brandão é fundador do Grupo Alexandria e CEO da Lex Tokens.