Em setembro, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) teve a terceira alta consecutiva atingindo 69,9 pontos. Um crescimento de 5,4% em relação a agosto e 0,2% acima dos 69,8 pontos registrados em setembro de 2015. É a primeira vez, desde dezembro de 2012, que o indicador apresenta elevação na comparação interanual. O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.
No mês, todos os sete itens que compõem o indicador registraram crescimento frente a agosto e o destaque foi Perspectiva de Consumo que subiu 11,7%, passando de 53,4 pontos para 59,6. Vale ressaltar que o maior crescimento anual também foi deste item, de 19,7%. Além disso, os paulistanos também estão melhorando as expectativas quanto ao emprego. O item Perspectiva Profissional cresceu 3,8% na comparação mensal e 14,2% no contraponto anual, registrando 106,9 pontos em setembro – sendo o único a estar na área de satisfação, acima dos 100 pontos.
Desde o mês anterior foram somente esses dois itens que registraram elevação na comparação anual indicando uma melhora das expectativas em relação à economia nos próximos seis meses, com mais oportunidades de emprego e, por consequência, de um possível aumento de consumo.
O item Emprego Atual subiu 0,8% em relação a agosto e alcançou 93,5 pontos, porém, ainda está 2,7% abaixo do apurado em setembro de 2015. Já o item Nível de Consumo Atual registrou crescimento de 7,7% e está com 39,1 pontos, mas 15,8% inferior ao dado visto no mesmo mês do ano passado. Embora uma recuperação tenha sido registrada, esses dois subíndices ainda estão abaixo dos 100 pontos e especificamente o segundo item apresenta a pior avaliação entre os sete quesitos analisados pela pesquisa.
Outro item que se destacou foi Momento para Duráveis que cresceu 11,5% e atingiu 44,6 pontos em setembro. No comparativo anual houve retração de 1,1%. Segundo a Entidade, por mais que este item ainda esteja em uma área de alta insatisfação, esta elevação mensal foi a terceira seguida. O que dá sinais de recuperação, ou seja, que minimamente as pessoas vão reduzindo o entendimento de que é um mau momento para compra de bens como TV, geladeira, fogão, etc. Até porque se o consumidor projeta um cenário melhor para o emprego, isso contribui para a tomada de decisões de compras que comprometam a renda futura em médio e longo prazos.
Outro fator importante para decisão de compra de bens duráveis é a contratação de financiamento, necessário para a maior parte das famílias devido ao alto valor dos produtos. E as famílias estão considerando cada vez menos difícil conseguir empréstimo, conforme aponta o item Acesso a Crédito que subiu pela segunda vez consecutiva e atingiu 67,4 pontos, 4,5% superior ao dado de agosto. Por fim, o item Renda Atual registrou crescimento mensal de 5,2%, alcançando os 78,2 pontos.
Na análise por faixa de renda, ambas as classes pesquisadas pelo ICF registraram aumento em setembro. As famílias com renda abaixo de dez salários mínimos tiveram elevação de 5,1% e o índice ficou em 69,4 pontos. Já o ICF das famílias com renda acima dos dez salários subiu 6,4% e atingiu 71,3 pontos. Na comparação anual, entretanto, o resultado foi inverso sendo -1,2% para o primeiro grupo e 4,4% para o segundo.
Segundo a FecomercioSP, mesmo com a maioria dos itens estando na zona de insatisfação (abaixo dos 100 pontos), a terceira alta do ICF seguida e o crescimento generalizado dos sete itens que compõem o indicador consolidam uma nova tendência de alta. Este comportamento está em consonância com os demais indicadores da Entidade, como o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) que também captaram o sentimento de recuperação da economia tanto entre os consumidores quanto entre os empresários do comércio.
Ainda é cedo, segundo a Federação, para que essa recuperação do ICF se reverta em aumento de consumo. Algumas variáveis cruciais que determinam as compras ainda estão pressionadas, como a inflação e o desemprego. Portanto, a FecomercioSP avalia que essa mudança de tendência é, por enquanto, somente uma esperança em uma possível recuperação da economia com o novo governo, do que uma alteração positiva e efetiva no dia a dia das famílias.