Autor: Daniel Galvão
O próximo grande game changer do mercado é sem dúvida a Internet das Coisas (IoT). Há uma verdadeira revolução por traz dessa tecnologia, e seu impacto será sentido em todos os aspectos da interação humano X máquina, e até mesmo humano X humano. As possibilidades são imensas, e o marketing digital não ficaria de fora.
Para os leigos no assunto, a IoT interliga diversos aparelhos eletrônicos através de tecnologia sem fio e uma linguagem única de decodificação dos dados multiplataforma. Ela basicamente coleta informações sobre uso de vários dispositivos, compartilha essas informações entre os aparelhos, e fornece um big data capaz de ser usado para solucionar problemas, fornecer maior conforto e segurança, além de ampliar a interação humana.
Na prática é possível controlar diversos aspectos e ambientes do cotidiano se utilizando de informações compartilhadas. Já emulamos isso em várias ocasiões, porém não de forma tão automática e inteligente. No marketing digital, que é o nosso foco aqui, temos diversas aplicações interessantes.
Cerca de 27% das empresas já utilizam feedbacks de dados obtidos com IoT em campanhas de marketing digital, e com isso conseguem alcançar seus objetivos e gerar ROI significante. O uso desses dados coletados através de diversos dispositivos, permitem que um perfil inteligente possa ser criado a partir das informações sobre cada indivíduo.
Com características mais próximas da realidade, atualizadas em tempo real, é possível descrever um perfil de usuário como sendo uma versão fiel de sua persona como consumidor. As ações de marketing criadas para ele, e somente para ele, serão as mais assertivas possíveis. O consumidor já não será impactado pelo que é direcionado à massa, mas sim àquilo que reflete suas necessidades e desejos reais.
O melhor é que essas informações são fornecidas de forma natural por parte do consumidor. São seus dados compartilhados de redes sociais, seu mecanismo de consumo cotidiano, nada que é um real segredo, mas que apenas é informação disponível e dispersa, hoje. Com o IoT tudo pose ser organizado de forma produtiva para empresas e consumidores.
A criação de uma campanha ou ação de marketing específica já é possível através de diversas ferramentas, mas não de forma tão completa, ágil e atualizada como através do que está vindo com a IoT. Vou citar exemplo interessante para que fique claro o alcance dessa tecnologia.
Supunha que você, leitor, possui uma oficina mecânica. Você quer ofertar um desconto para reparos, e tendo uma base de clientes, hoje pode enviar a eles um cupom por email, por exemplo. O cupom chegará à sua lista de clientes e pode até falar à alguns deles que precisem do serviço, mas é um tiro no escuro. 90% talvez só ignore, não se interesse por não precisar disso agora, ou porque sua mensagem foi ignorada como SPAM. 5% talvez precise do serviço e venha até você. Os outros 5% talvez reclamem de receber SPAM, se descadastrem de sua lista de contatos.
Talvez alguns deles critiquem o excesso de propaganda nas redes sociais. Agora se utilizando de uma estratégia que utiliza dados de IoT, a situação seria completamente diferente.
Uma pessoa anda em seu carro na estrada e recebe um alerta de defeito em uma das luzes do painel. Ela não sabe qual o problema e não conhece as redondezas. Nesse momento o próprio sistema do carro diagnostica o defeito. Ele envia esses dados para um dos sensores de IoT. Ele cruza os dados que sua empresa possui como oficina mecânica.
No celular do motorista ele recebe uma peça de marketing falando justamente sobre avaliação e reparo de carros, indicando sua oficina como a mais próxima, oferecendo a ele algum desconto, e até indicando serviços auxiliares em caso de, por exemplo, ele precisar passar a noite a espera do carro.
O cliente recebeu: solução específica para ele, não se chateou com propaganda inoportuna, ganhou desconto, teve serviços auxiliares apresentados a ele, e sua oficina atendeu um cliente assertivo, manteve uma base de clientes fiel, impactou quem realmente precisava dela, e nesse caso, o retorno pela ação promocional foi de 100%, já que ela falou apenas com as pessoas que realmente precisavam de reparos em seus automóveis.
Outro aspecto é que se for um problema de fábrica, os dados também podem ser enviados à montadora, ajudando essa a prevenir a fabricação defeituosa de novos veículos, e até a ajudar a organização uma ação compensativa para os proprietários, assim como um recall.
Pode parecer simples, mas faz toda a diferença. Pode parecer ficção científica, mas já é feito. Claro que ainda estamos longe de um cenário perfeito, mas muito já fazemos. O marketing digital é construído em cima desse tipo de tecnologia que oferta, acima de tudo, a certeza da oferta a quem realmente procura.
Daniel Galvão é especialista em marketing digital e diretor da CRP Mango.