Na edição da Revista Época do dia 29 de julho passado, o vendedor ambulante David Mendonça Portes mostrou, com riqueza de detalhes práticos, como se pode chegar ao sucesso e, hoje, ter uma agenda cheia de convites pra proferir palestras empresariais. Quais são as grandes lições que podemos extrair de um homem de 45 anos de idade, simples, rústico, que não completou o ensino fundamental, mas que soube transformar sua banca de guloseimas, localizada no Centro do Rio de Janeiro, no mais bem sucedido ponto da economia informal brasileira?
Para o camelô ambulante, após uma avaliação do seu trabalho efetivado, o sucesso reside em algumas vertentes essenciais, como: sair da mesmice, encantar o cliente a cada momento, valorizar o pessoal que com ele trabalha (marketing de incentivo), gostar excessivamente do que faz, ter uma mente inovadora, ser transparente, oferecer vantagens aos seus cliente, enfim, o grande alvo da sua banca é sempre o seu cliente. Através de sua intuição, David soube identificar o que atraia o cliente para consumir suas guloseimas. Embora, sem qualquer fundamentação científica, numa gestão de marketing de relacionamento soube, inteligentemente, descobrir a relevância da valorização do cliente, que o levaria, dentro de pouco tempo, para o sucesso.
O encantamento do cliente é sua maior preocupação diária. Segundo palavras do camelô ambulante, “a concorrência me levou a uma conclusão prática: teria que inventar algo diferente para que pudesse sobreviver, neste ramo de negócios“. Para agradar ao cliente, ele faz de tudo: sorteios, brincadeiras, descontos, distribuição de brindes, tele-entrega e até vende pela internet. Para muitas empresas, o relacionamento com clientes custa caro. Para David é a cabal prova de que isso não é verdade. Em síntese, o seu sucesso está alicerçado na capacidade e criatividade empreendedora. Reafirma, a cada momento, o segredo do sucesso é saber “mimar o cliente” e fugir do igual, como o diabo foge da cruz, conclui.
Sequenciando-se numa avaliação deste fenômeno – David Mendonça – o marketing intuitivo ou as grandes lições objetivas consiste, basicamente, em algumas conclusões, como: “não de deve vender o que o cliente não quer, porque é o mesmo que botar uma gota de veneno num balde d´água, contamina todo o resto; é bom não esquecer que é dando que se recebe, por isso, dou prêmios e brindes para os meus clientes por que eles adoram concorrer ou receber alguma vantagem da empresa; sempre é bom manter o alto-astral e sorrir sempre para o cliente: o sorriso abre portas e carteiras também; você tem que estar sempre criando, inovando, sempre fazendo seduzir as pessoas e enxugar o bolso delas, enfim, usar o marketing para descobrir as pessoas, porque, assim, elas ficam vulneráveis no bolso e liberam mais a grana“.
Nesta assertiva final, descobriu o camelô que o objetivo de toda empresa para sobrevivência num mercado competitivo é a lucratividade, embora, os seus meios sejam bem próprios e peculiares no ramo em que trabalha. As estratégias acima referenciadas constituem-se nos seus instrumentos de sucesso.
Para Cecília Mattoso, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), do Rio de Janeiro “o grande mérito do David é que chegou a diversas teorias baseado, tão simplesmente, na intuição“. E continua “ um camelô aparecendo em casos de marketing estudado nas universidades é das coisas mais significativas que acontece no ramo no últimos anos“.
Como análise final a gestão de pessoas é algo de fundamental importância para o sucesso da empresa moderna (quando viaja para proferir palestras, dobra a diária dos três funcionários), levando-os, assim, a uma cumplicidade para o crescimento de sua banca e até já pensa na expansão dos seus negócios – lançar um livro para contar as suas lições de vida e marketing. David Mendonça ganhou, recentemente, uma bolsa de estudos da Escola Superior de Propaganda e Marketing. E conclui “a partir dos meus estudos, ninguém me segura“.
João Gonçalves Filho (Bosco) é administrador de consórcio ([email protected])