Apesar do mercado falar sobre mobile payment já a alguns anos e do alto número de celulares comercializados no País, o uso da tecnologia ainda é muito incipiente. São poucas as ações nessa área e, menor ainda, é o número de usuários. Porém, nas últimas semanas, duas noticias apontaram que devemos estar mais perto do uso massivo do m-payment no Brasil. Fica a pergunta: será que dessa vez decola? Na visão de Paulo Nergi Boeira de Oliveira, diretor executivo da Caixa Econômica Federal, esse movimento ainda deve levar um tempo, entretanto, deve acontecer de forma rápida, assim que os entraves iniciais forem naturalmente derrubados. “É apenas uma questão de tempo. Os aparelhos celulares possuem uma presença impressionante em todas as classes sociais e nos locais mais ermos do país, normalmente não alcançados pelos meios tradicionais de bancarização, tornando este um meio natural de evolução para os pagamentos e transferências financeiras”, pontua em entrevista exclusiva ao portal ClienteSA.
Para ele, ainda há duas grandes barreiras a serem superadas. Uma é a resistência inicial ao serviço, que normalmente ocorre com os usuários menos habituais de tecnologia. A outra, segundo o executivo, é identificar o modelo mais adequado, lançando mão das tecnologias disponíveis, sem perder o momento de definição que estamos passando agora. “É preciso tomar decisões estratégicas, adotar um modelo que tenha alta aceitação e ter a capacidade de evoluí-lo na velocidade das necessidades do mercado”, comenta Oliveira. O diretor reforça que ainda estamos em um estágio inicial, com a maioria dos bancos buscando um modelo que tenha maiores chances de sucesso. “Diversas soluções já foram e continuam sendo testadas, mas nenhum modelo pode ser considerado ainda como a solução que será massificada no país”, completa.
Da mesma opinião, Juvenal da Silva Pereira, gerente executivo da diretoria de tecnologia do Banco do Brasil, coloca que o mobile payment enfrenta problemas com a fragmentação de serviços, pois existem diferentes propostas de diferentes provedores. “Isso demonstra a necessidade de um alinhamento entre os principais atores como bancos, operadoras, bandeiras e redes de cartão”, afirma, também com exclusividade. Outro assunto de extrema importância é a regulamentação que está em andamento, de acordo com o executivo. “A adoção do mobile payment deve acelerar bastante quando houver regulamentação definida. Contudo, iniciativas pontuais podem se destacar em breve”, prevê Pereira.
Uma dessas ações vem do Grupo Telefônica e da Mastercard International, que criaram a MFS, empresa que atuará na implementação da parceria firmada entre as duas corporações para o desenvolvimento de soluções de pagamento utilizando a telefonia móvel. O primeiro produto, com previsão de lançamento em abril de 2013, será uma conta pré-paga acessada pelo celular e por um cartão Mastercard, que permitirá ao consumidor fazer transferências de dinheiro entre pessoas, compras em lojas, recargas de celular, entre outras transações financeiras. O produto usa a tecnologia USSD (Unstructured Supplementary Service Data) e é compatível com aparelhos GSM.
Da mesma forma, a MPO, Mobile Payment Operator, joint venture criada no final de 2011 entre Claro e Bradesco, anunciou o primeiro resultado da parceria, que inclui a emissão de cartão pré-pago cobranded (moedeiro) pelo celular e a utilização de tecnologia sem contato/NFC (Near Field Communication). As iniciativas estão em fase avançada de desenvolvimento e estarão disponíveis aos clientes até o terceiro trimestre de 2013. “O pagamento por meio do celular é uma tendência natural na medida em que os aparelhos vêm incorporando novos serviços de valor agregado, além da voz. Diante desse cenário, acreditamos que a união da expertise de bancos e operadoras pode viabilizar a realização desses pagamentos móveis em escala no país”, aponta Carlos Zenteno, presidente da Claro no Brasil.
INCLUSÃO
Uma das teclas que as empresas vêm batendo com o mobile payment é o da inclusão da população brasileiro. Segundo Marcos Etchegoyen, presidente da MFS Serviços de Meios de Pagamento, a conta pré-paga no celular, por exemplo, abre novas perspectivas para milhões de pessoas que possuem celulares e nunca tiveram acesso aos benefícios dos meios de pagamento eletrônicos e de uma conta corrente. A ideia é reforçada pelo presidente da MasterCard Brasil e GeoSouth, Gilberto Caldart. “O pagamento por celular é um dos compromissos da MasterCard em promover a inclusão financeira de forma eficiente e, assim, proporcionar a milhões de pessoas que hoje não possuem acesso aos canais financeiros tradicionais a possibilidade de fazer transações de maneira rápida, transparente e segura”, finaliza.
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