Luiz Menezes, fundador da Trope

Marcas ainda não sabem como trabalhar com o perfil LGBTQIA+

Idealizada pelo InstitutoZ, a análise traz a percepção dos criadores nessa temática em relação a ativação com as marcas 

Ainda falta diversidade nas ações de comunicação das marcas, bem como no mercado de trabalho, em relação ao perfil LGBTQIA+. A constatação faz parte da análise qualitativa idealizada e conduzida pelo InstitutoZ, braço de pesquisa da martech Trope, especializado em estudos de comportamento e consumo da Geração Z, trazendo as percepções de criadores conteúdo, que se identificam com a comunidade a respeito das campanhas publicitárias. 

O estudo indica que os criadores reconhecem que, dentro da creator economy, o mercado para profissionais LGBTQIA+ costuma ser mais aberto quando comparado ao mercado de trabalho tradicional, no entanto, desde que esses criadores façam parte de um certo padrão estético. “Ao escutar os respondentes, percebemos que a percepção dessas pessoas é que, enquanto gay, lésbica ou bisexual e dentro dos padrões estéticos definidos e aceitos pela sociedade, as oportunidades costumam ser mais fáceis, o que não acontece quando tratam-se de criadores de conteúdo trans ou não-binaries que estão fora desse padrão. A falta de identificação afeta diretamente nas escolhas de consumo. Marcas são descartadas se quem compra não se vê representado”, afirma Luiz Menezes, fundador da Trope. 

De acordo com o executivo, “os entrevistados que se identificam como trans ou não-binaries, destacam ainda que nas poucas vezes que são convidados pelas marcas é para tratar de temas atrelados diretamente com sua identidade de gênero, como se para esses criadores só fosse possível falar sobre este assunto”.

Como creators LGBTQIA+ enxergam as marcas?

Ainda segundo Luiz, os depoimentos dos criadores LGBTQIA+ indicam um maior interesse das marcas para temas atrelados à comunidade, como o mês do orgulho, algo que limita a participação deles em outras campanhas ao longo do ano. “Criadores de conteúdo com os quais conversamos entendem a importância de falar sobre temas que afligem a comunidade a qual pertencem, contudo querem e podem contribuir com outras temáticas pertinentes a nossa sociedade. O engajamento das marcas com a comunidade se mantém pontual. Contudo, os consumidores sabem quais são as marcas que realmente se importam com a causa. Logo, é um posicionamento que não se sustenta no longo prazo”, ressaltou o fundador.

O levantamento concluiu que creators dão extrema importância para falar sobre quem eles são de verdade para sua audiência, para além de criar laços e gerar identificação, e entendem que furar a bolha é mostrar para sociedade que eles existem e devem ser respeitados.  Os entrevistados acreditam que falta uma certa naturalidade das marcas ao trabalharem com profissionais da comunidade e enxergar a sigla além do LG. Identificamos que é preciso não só rever o conteúdo de marketing do ano inteiro, mas também incluir essas pessoas no planejamento das marcas naturalmente”, concluiu Menezes.

O resultado da análise corrobora com o estudo realizado pela Trope em 2021, sobre a diversidade na publicidade gamer. Para 64% dos entrevistados LGBTQIA+ faltava diversidade nas campanhas publicitárias; e 51% deles, enquanto consumidores, tinham o hábito de cobrar representatividade das marcas.

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