O mercado mundial de bens de luxo, considerado no passado imune às flutuações econômicas, começou a sentir os efeitos da redução do ritmo econômico mundial, devendo provavelmente entrar em recessão em 2009, de acordo com os resultados divulgados na 7ª edição do estudo Luxury Goods Worldwide Market Share, da Bain & Company.
No entanto, um aumento de gastos em artigos de luxo ao longo dos próximos cinco anos pela elite mais abastada, variando entre +20% e +35% nos mercados emergentes, incluindo Brasil, Rússia, China e Índia, juntamente com a força de várias tendências mundiais, tais como o aumento de patrimônio pessoal em todos os países, as expectativas de crescimento do PIB global e o aumento do fluxo de turistas, traz otimismo sobre as perspectivas a longo prazo.
O estudo constatou que o crescimento global das vendas de bens de luxo deverá cair abruptamente para 3% em 2008, chegando a ?175 bilhões. A taxa de crescimento mais lenta contrasta bastante com o crescimento de 9% em 2006 e de 6,5% observado em 2007. Para 2009, os bens de luxo enfrentarão a primeira recessão em seis anos, à medida que as flutuações da taxa de câmbio e as turbulências da economia minam a confiança de muitos consumidores de bens de luxo em mercados maduros. O estudo prevê um declínio de 7% nas vendas globais usando taxas de câmbio constantes, em contraste com um possível declínio de 2% usando as taxas de câmbio atuais.
“O impacto da crise financeira irá causar recessão em alguns setores”, afirmou Claudia D´Arpizio, sócia do escritório da Bain sediado em Milão e principal autora do estudo. “O quanto e por quanto tempo, depende, em parte, de como as empresas irão reagir. As que mais resistirão são aquelas que possuem marcas internacionais fortes e diversificadas”, completa.
Apesar de um lento 2008 e da perspectiva de queda em 2009, a Bain prevê que o mercado de luxo deverá voltar a crescer rapidamente, à medida que mais e mais consumidores entrarem no segmento de luxo no mundo todo. D´Arpizio sugere que os players de produtos de luxo sigam três “regras de ouro” para crescerem mais rápido quando houver novo aquecimento do setor:
– Maior foco no consumidor: repensar a experiência da compra na loja e sustentar o crescimento com iniciativas de marketing localizadas.
– Foco no crescimento orgânico: desacelerar a expansão do varejo e fortalecer a oferta de produtos de entrada, aumentando seletivamente outros preços. Evitar o aumento dos preços em todo o portfólio.
– Criar uma cultura de custos inteligente: procurar redução de custos (no capital de giro, G&A, cadeia de suprimentos), evitando cortar custos estratégicos (marketing e desenvolvimento). Não investir menos que os concorrentes.
“As marcas têm de resistir à tentação de cortar investimentos em criatividade e trabalhar na promoção de uma experiência de compra muito especial para o consumidor”, adverte D´Arpizio. “Tal como aconteceu com a desaceleração no início desta década, as marcas que cortaram despesas gerais enquanto investem em seus consumidores e produtos estarão em melhor condição de recuperação quando a economia voltar a crescer”, conclui.