Autor: Max Ciqueira
O mercado brasileiro de cartões de crédito e débito obteve, mais uma vez, resultados expressivos em 2013. De acordo com a Abecs, Associação Brasileira de Empresas de Cartão de Crédito e Serviços, o movimento financeiro deve alcançar R$ 846 bilhões, com 9,1 bilhões de transações e crescimento de 16,9% em relação ao ano anterior.
Em alguns segmentos, como no caso do e-commerce, o crescimento em 2013 foi de 29% em relação a 2012, movimentando R$ 31 bilhões, conforme levantamento da ABComm, Associação Brasileira de Comércio Eletrônico.
Estima-se que em 2013 cerca de 10 milhões de internautas, na sua maioria mulheres e consumidores acima de 50 anos, entraram na onda do consumo online. São 53 milhões de brasileiros que utilizam a internet para realizar compras, um público cada vez mais fiel ao canal virtual.
Fatos importantes marcaram a indústria de pagamentos em 2013: a promulgação da lei 12.865 de 9 de outubro de 2013, que trata dos arranjos e instituições de pagamento e a regulamentação feita pelo Conselho Monetário Nacional através das resoluções nº 4.282 e 4.283 e circulares nº 3.680/81/82 e 83 de 4 de novembro de 2013, estabelecendo uma regulação mínima para o setor a fim de mitigar riscos para o mercado financeiro e promover solidez na operação dos arranjos e instituições de pagamento.
Ainda neste período diversas empresas iniciaram projetos de pagamentos móveis, atraindo públicos que anteriormente tinham dificuldades em aceitar pagamentos por cartões, como os profissionais liberais e pequenos comerciantes. E finalmente iniciou-se de maneira tímida, mas ao que tudo indica irreversível, a prestação de serviços de pagamentos a partir de contas pré-pagas.
Em 2014, espera-se uma competição acirrada no mercado, não apenas entre as três principais empresas do setor (Cielo, Rede e Santander), mas também com a consolidação de players que já estão se estabelecendo há algum tempo e que agora esperam aumentar o seu volume de operações, como Elavon e First Data. Com esta competição, é provável que a taxa de desconto do lojista (Merchant Discount Rate) caia, favorecendo os comerciantes. Esta é uma antiga aspiração do mercado: mais competição, menores custos e maior qualidade.
Os principais analistas esperam em 2014 um crescimento do negócio de pagamentos por cartões similar ao registrado em 2013: na ordem de 17%. Porém, 2014 é ano de Copa do Mundo e de Eleições Presidenciais, e estes eventos podem alterar as previsões.
O comércio eletrônico também espera manter o ritmo de crescimento, com uma expansão de 27% em relação a 2013, de acordo com a ABComm.
Os pagamentos móveis também devem começar a se consolidar devido a sua simplicidade operacional, principalmente para tecnologias que utilizam aplicações e leitores de cartões para smartphones. Além disso a adoção dos leitores Chip&Pin garantem a segurança das transações.
Não será em 2014 que a tecnologia NFC deve fixar sua presença, mesmo com a disponibilidade cada vez maior da tecnologia de leitura em Pontos de Venda. A questão da Infraestrutura de Segurança ainda deve ser um entrave à expansão do NFC, que já encontra um concorrente de peso na tecnologia ibeacon disponibilizada na nova família de dispositivos iPhone 5S da Apple. Ela viabiliza a utilização de serviços avançados de localização para fornecer ofertas exclusivas e personalizadas, além de permitir a realização de pagamentos sem contato – sendo apontada como a tecnologia que viabilizará “o varejo do futuro”. Seu desenvolvimento é algo para ser acompanhado neste ano.
Mensagens (SMS e USSD), outra modalidade utilizada em Pagamentos Móveis, podem ganhar força com a disponibilização de contas pré-pagas, principalmente para as contas recorrentes, como as de concessionárias e pequenas compras presenciais e/ou virtuais. O pagamento de contas é a área mais promissora, pois a utilização de contas pré-pagas geram comodidade e controle para os cidadãos.
Carteiras Móveis (Mobile Wallets) e Aplicações de Pagamento (Apps) são tecnologias que podem começar a sair do papel em 2014 e começar a ganhar visibilidade e mercado.
No Comércio Eletrônico, a tecnologia 3DS tem tudo para ser utilizada no mercado brasileiro, melhorando o processo de autenticação e reduzindo o número de fraudes e de transações recusadas por suspeita de fraude. Isso pode propiciar um crescimento deste segmento ainda maior do que as previsões de mercado.
Outros pontos que podem impactar positivamente o Comércio Eletrônico são a expansão da penetração da Internet e o crescimento do M-Commerce (transações de e-commerce feitas em tablets e smartphones), uma modalidade que tem crescido rapidamente, graças à expansão da base de smartphones e a maior familiaridade dos consumidores com a utilização de plataformas mobile para compras.
Max Ciqueira é consultor da Lyra Network.