Autor: Denis Del Bianco
A maioria das empresas de médio e grande porte já fez investimentos significativos em Business Intelligence ,BI. Os sistemas mais robustos têm a capacidade e as funcionalidades para processar volumes enormes de dados transacionais. No entanto, além do investimento inicial em licenças, hardware e em complexos projetos de implantação, essas soluções exigiam contínua manutenção para migração de versões e para manter os painéis e relatórios alinhados com a estratégia e a atuação no mercado de cada empresa.
Tenho discutido o assunto com executivos de empresas que contam com ferramentas conceituadas em suas companhias, mas que ainda sentem falta de informação relevante para a sua tomada de decisão. As soluções de BI nas empresas cresceram e, em alguns casos, se tornaram desatualizadas, de forma que estudos atuais mostram que, no momento em que o mundo discute Big Data, a taxa de uso das soluções de BI tradicionais já implantadas é menor do que 30%.
A Harvard Business Review conduziu uma pesquisa com 951 leitores, e apenas 28% deles disseram que sua organização usa Big Data para tomar decisões melhores ou criar novas oportunidades de negócio. Outro estudo, citado pelo professor Thomas H. Davenport no artigo Big Data: Oportunidade e Desafio para a Vantagem Competitiva, afirma que o mundo usou 2,8 zetabytes (2,8 trilhões de gigabites) em 2012 e apenas 0,5% disso foi analisado. Sugere também que apenas 25% destes 2,8 zetabytes tem valor potencial. O desafio é saber filtrar estes 25% e conseguir analisá-los.
Para tornar o nosso desafio ainda mais interessante, passamos a demandar das soluções que tratem não só dados internos, estruturados (como ERP) e não-estruturados (como planilhas e outras fontes), como aqueles oriundos de fontes externas, particularmente das mídias sociais. O uso difundido de smartphones e tablets no ambiente corporativo também criou novas exigências para os sistemas tradicionais de BI.
As questões são tão importantes que vários provedores estão direcionando o futuro de suas soluções para mobilidade, nuvem, big data e redes sociais. Institutos de pesquisa também refletiram isso. No final do ano passado, o Gartner divulgou uma lista com as principais tendências de tecnologia para 2014. De dez tendências, cinco se relacionam à nuvem e sete, à mobilidade.
Em paralelo, a evolução dos conceitos Cloud e SaaS (Software as a Service) propiciou o surgimento de novos provedores de solução de BusinessIntelligence na nuvem. Algumas soluções de BI na nuvem, já disponível no Brasil, incorporam nativamente os padrões de mobilidade, permitindo uma solução de fácil acesso, cobrada por uso, preparada para interagir com as redes sociais naturalmente e com baixíssimo investimento inicial, afinal os dados na nuvem não exigem infraestrutura própria e não contemplam o licenciamento tradicional.
Já estão disponíveis no Brasil plataformas completas de BI na nuvem, com características como controle de versões dos dados, análise de tendências, ferramentas de extração, transformação e carga de dados, capacidade de juntar dados estruturados e desestruturados internos e externos em uma mesma análise, funcionamento em dispositivos móveis, opções avançadas de análise, visualização atraente e ambiente de colaboração, entre outras.
Os executivos estão percebendo isto e a adoção de sistemas de BI na nuvem vem crescendo a passos largos. O próprio emprego da nuvem ganhou maturidade. Perceberam que é uma bela evolução da terceirização tradicional de infraestrutura, por permitir uma escalabilidade mais simples e rápida, portanto, mais barata. A nuvem pode ser usada desde que observado o comprometimento de disponibilidade através de Acordos de Níveis de Serviços, ferramentas e processos de segurança auditados por empresas independentes.
Para melhorar, alguns desses fornecedores já colecionam casos de sucesso muito interessantes, em empresas dos mais variados portes, em projetos muito mais rápidos e bem mais baratos do que as iniciativas do passado, com BI tradicionais. É cedo para avaliar se o BI na nuvem será a solução definitiva para o Big Data, mas já podemos concluir que fará parte do caminho para melhorar o percentual dos dados relevantes utilizados para a tomada de decisão nas empresas.
Denis Del Bianco é diretor da TOTVS Consulting