Os mais recentes acontecimentos políticos no País, como a nomeação da nova equipe econômica feita pelo atual governo, parecem ter influenciado a confiança dos consumidores. É o que mostra o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Em junho, o índice registrou crescimento de 7,9% em relação a maio e atingiu 98 pontos – maior valor desde abril de 2015. Comparando com junho de 2015, apresentou alta de 8,2%.
Ou seja, essa é a primeira elevação na comparação entre o mês e o mesmo do ano anterior desde janeiro de 2013. Com isso, o indicador de junho interrompeu 40 meses consecutivos de queda nessa base de comparação. A elevação foi impactada principalmente pela alta no Índice das Expectativas do Consumidor (IEC) – um dos componentes do ICC -, que subiu 7,2% no comparativo com maio. Alcançando os 128,5 pontos, aumento de 26,6% ante o mesmo mês de 2015. Maior crescimento registrado pelo IEC desde janeiro de 2010 nessa base de comparação. Para os economistas da Entidade, o aumento do IEC simboliza uma espécie de voto de confiança dos consumidores para a nova equipe econômica, o qual, porém, tem prazo de validade. Além disso, por causa da profundidade e da extensão da crise, e também pelo processo político de mudança ter sido muito conturbado, a Federação acredita que o prazo de validade desse voto de confiança é relativamente curto.
O outro componente do ICC, que mede a avaliação dos consumidores em relação às condições econômicas atuais (ICEA), atingiu 52,4 pontos, crescimento de 10,6% na comparação com maio. Na comparação com junho de 2015, porém, o ICEA ainda apresentou queda, de 29,4%. Segundo a Federação, para que a confiança do consumidor continue crescendo, é necessário que haja alguma entrega efetiva da política econômica a ser implantada pelo governo, como reformas estruturais, ajuste das contas públicas com corte de gastos – e, não, aumento de impostos, aprovação do teto de despesas do setor público e privatizações.
As medidas anunciadas até agora e a rapidez com que elas vêm sendo anunciadas, segundo a Entidade, parecem estar animando os consumidores. No entanto, a FecomercioSP reforça o alerta de que, se esse ímpeto inicial não se confirmar em mudanças e aprovações efetivas, o consumidor em breve voltará a ficar desanimado, minando assim a esperada retomada do consumo. O ânimo do consumidor é imprescindível para o restabelecimento do comportamento normal de consumo, mas não suficiente, para a retomada das vendas.
Ainda que não seja possível prever quando exatamente essa melhora recente da confiança passará a se reverter em aumento do movimento no comércio – no Dia das Mães e no Dia dos Namorados, por exemplo, foram registradas quedas das vendas do varejo, a Federação aponta não ser possível prever uma retomada das vendas sem uma melhora consistente da confiança, que depende da capacidade do governo e do Congresso de converterem a mudança política em medidas que equilibrem as contas públicas e melhorem o ambiente de negócios no País.