Números indicam estagnação das MPEs


Nos primeiros sete meses do ano, as micro e pequenas empresas (MPEs) do estado de São Paulo tiveram um faturamento 2,5% menor que no mesmo período do ano passado. Em decorrência disso, diminuiu o otimismo dos donos de MPEs paulistas em relação à economia como um todo. Em janeiro, 36% deles acreditavam que a economia brasileira iria melhorar nos próximos meses. De acordo com os dados coletados no mês de agosto, esse índice caiu para 23%.

Os dados são da pesquisa de conjuntura econômica divulgada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo (Sebrae-SP). “O crescimento do consumo pelo crédito pode estar próximo de seu limite, dado o aumento do endividamento das famílias, o que pode levar a um aumento na inadimplência dos consumidores. Em um cenário de endividamento relativamente elevado dos consumidores e forte concorrência com importados, o crescimento das vendas das MPEs dependerá do ritmo de crescimento da renda dos trabalhadores”, explica José Luiz Ricca, diretor-superintendente do Sebrae-SP.

Em relação a junho, o mês de julho foi um pouco melhor – o faturamento real cresceu 5,6%, o que equivale a um acréscimo de receita de R$ 1 bilhão. Pedro João Gonçalves, economista do Sebrae-SP, não vê o aumento como um indicativo de mudança de rumos. “Em junho, as MPEs, principalmente as do comércio, sofreram com os dias perdidos por causa da Copa do Mundo. O empresário percebe que não aumenta a receita, e sim, os dias trabalhados”.

Faturamento e Expectativas – Por setores, apenas as MPEs da indústria de transformação apresentaram alta efetiva no faturamento: +7% em relação a julho de 2005. Ainda fazendo a comparação de 12 meses, a receita no comércio caiu 3,7% e variou +0,6% em serviços. No acumulado dos primeiros sete meses, em comparação com o mesmo período do ano passado, indústria, comércio e serviços tiveram perdas no faturamento, respectivamente, de 0,3%, 2,9% e 3,2%.

Segundo os dados do IBGE, no 2o. trimestre de 2006 um dos poucos canais de crescimento da demanda foi o consumo interno. Entre os fatores que contribuíram para esse crescimento está a maior oferta de crédito. Isso, porém, favoreceu a compra de produtos de maior valor unitário (por exemplo, automóveis, celulares, televisores), que são, em geral, fabricados e comercializados por empresas de maior porte. “Nesse quadro, apenas as MPEs que fornecem serviços, insumos, partes e peças para as grandes empresas registraram melhor desempenho”, explica Gonçalves.

Outro dado importante é que o indicador de expectativas mostra que o otimismo dos donos de MPEs vem diminuindo. Entre os pesquisados, em agosto, 54% acreditavam que o faturamento da empresa não iria se alterar nos próximos meses, 27% que iria melhorar. Em fevereiro, os índices eram, respectivamente, de 46% e 34%. Em relação à economia brasileira como um todo, as MPEs estão menos otimistas. Em janeiro, 36% dos consultados acreditavam que a economia iria melhorar nos próximos meses. O índice caiu para 23% em agosto. Por outro lado, aumentou expressivamente a proporção das MPEs que esperam apenas estabilidade para os próximos meses na economia brasileira, passando de 39% para 54%.

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