Autor: Luca Ruju
Assim como o e-mail, os sistemas de mensagens instantâneas, as redes sociais e os sites de relacionamento, as salas de bate-papo são extensões virtuais da interação humana no mundo real. São espaços virtuais nos quais os usuários se comunicam por meio de mensagens de texto. Nesta modalidade de dating, as pessoas se reúnem para paquerar, discutir sobre temas diversos, pedir conselhos, falar de interesses em comum ou simplesmente “matar o tempo”.
Nos anos 1990, as salas de bate-papo da extinta Aol estavam entre as mais populares do mundo. De acordo com uma pesquisa do Pew Internet & American Life Project, 55% dos adolescentes e 28% dos adultos que usavam a Internet no ano 2000 frequentavam salas de bate-papo. Cinco anos depois, a porcentagem havia caído para 18% e 17%, respectivamente. Ao longo dos anos, as salas de bate-papo sofreram com a má repercussão na imprensa, gerada pela falta de segurança, e acabaram perdendo terreno para outros serviços, como os sites de relacionamento.
Dentro deste contexto, uma nova modalidade para a formação de comunidades surgiu na Europa e começou a ganhar corpo no Brasil. Trata-se de chats desenvolvidos para promover o relacionamento pelo celular, via SMS. No mobile dating, como é chamado o novo conceito, é restrito ao usuário ter um perfil por número de celular, – o que reduz as chances de perfis falsos e aumenta a segurança da solução – assim como é possível mantê-lo anônimo. A tendência, trazida para o Brasil há apenas dois anos, conta hoje com mais de 2 milhões de adeptos e a previsão é de que este número chegue a 5 milhões em 2011. Ao crescimento, atribui-se o fato de que o celular é uma eficaz e poderosa mídia, uma vez que está presente durante as 24 horas do dia na vida dos usuários.
Embora o mobile dating ainda engatinhe no país, já conquistou um público fiel, sobretudo na faixa dos 18 a 35 anos. A maior parte dos usuários vive nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia e busca principalmente novas amizades, namoro ou paquera.
O Brasil já é o maior país em número de usuários da nova modalidade de paquera. Se considerarmos que dentro da população brasileira estão mais de 164 milhões de usuários de celulares e que a base de mobile dating conta com cerca de 2 milhões de pessoas, podemos dizer que se trata de um mercado que ainda tem muito a crescer.
Segundo relatório da Juniper Research, o dating deve movimentar US$ 1,4 bilhões até 2013. E esta é apenas uma parte do mercado UGC (User Generated Content), que atingirá US$ 7,3 bilhões dólares neste mesmo espaço de tempo. O estudo também mostra que a maioria das receitas do mobile dating se dará, nos próximos cinco anos, a partir de assinaturas. No caso de tarifação baseada em modelos gratuitos, o registro será suportado com taxas quando o usuário entrar em contato com os outros via SMS. O estudo da Juniper considera que as taxas entre os clientes do serviço gratuito para compra de serviços premium gerarão receitas superiores às assinaturas fixas. Menos de 30% dos clientes de mobile dating terão assinaturas fixas em 2011.
Trata-se de um mercado com imensas oportunidades a serem exploradas, sobretudo no Brasil, cuja base de celular não pára de crescer.
Outro ponto interessante é que os usuários do mobile dating podem se beneficiar de ferramentas que explorem sua localização geográfica em novas situações sociais. Por exemplo, pense em um bar cujos freqüentadores definiram um nível de privacidade no qual seus nomes, estado civil, profissão e interesses estão preservados. Ao entrar com seu aparelho, o serviço pode indicar pessoas com perfis semelhantes e o celular poderá ser a ponte para conhecer novos usuários, filtrados pelo algoritmo da rede social. Esta é uma das possibilidades do mobile dating, que está disponível já em 2010.
Luca Ruju é CEO da Zero9 para a América Latina.