Executivos de Alinea Health, Filóo Saúde, Mevo e Distrito debatem o papel das healthtechs na democratização e racionalização do setor no Brasil
Existem, hoje, no Brasil, cerca de 1,4 mil startups que se especializaram na área da saúde, aportando tecnologia, inteligência e racionalidade. O surgimento das chamadas healthtechs tem acontecido praticamente de forma orgânica, trazendo grandes avanços para melhorar a jornada do paciente brasileiro e evitar o colapso de um sistema sobrecarregado por custos desnecessários. Debatendo de que maneira essas empresas têm contribuído para melhorar a vida de médicos e pacientes, assim como incrementar inteligência de dados e de soluções, Danielle Teixeira, líder de customer success da Alinea Health, Rubem Ariano, fundador e CEO da Filóo Saúde, César Giannotti, COO & Partner da Mevo e Gustavo Araújo, CIO e co-founder do Distrito, participaram, hoje (08), da 830ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Abrindo a troca de reflexões com informações levantadas pela Distrito, Gustavo indicou que o setor é composto por cerca de 1,4 mil healthtechs. Dentro desse universo, entre as diversas categorias de atuação a que se destaca é a de digitalização das atividades, principalmente em função do período da pandemia. Entre os exemplos mencionados, estão a prescrição eletrônica de medicamentos, a telemedicina e os marketplaces transacionais, facilitando o acesso dos pacientes à saúde. “O mercado brasileiro da healtechs movimentou, nos últimos cinco anos, o equivalente a U$ 1,5 bilhão em investimentos, um valor significativo, mas 10 vezes menor do que foi aplicado na criação de fintechs no mesmo período, enquanto, em comparação ao de agrotechs, é três vezes maior. Porém, podemos perceber que começa a haver já uma migração do capital aportado nos outros segmentos para o da saúde, que cresce agora mais rapidamente.” Ele explicou ainda de que forma a IA, aliada ao fator humano, vem influenciando fortemente, inclusive ajudando na racionalização dos custos.
Por sua vez, fazendo questão de frisar que foi uma das que migrou da área financeira para atuar na saúde, exatamente pelo impacto positivo à sociedade, Daniela lembrou que o plano de saúde está situado entre as três maiores aspirações da maioria da população brasileira. Levando em conta dados apurados pela Alinea Health, 61% dos funcionários em geral aceitariam trocar de emprego seduzidos por um convênio de saúde de melhor qualidade. “Entretanto, sabemos que mais de 150 milhões de brasileiros ficam sem o acesso aos planos de qualidade, exatamente pelos preços que são oriundos dos altos custos no setor, mas que podem ser amenizados com a tecnologia.” Diante do dado de que entre 20% e 40% dos gastos no sistema de saúde do País vêm de desperdícios, ela reforçou que o setor entraria em colapso se não fossem os movimentos das startups especializadas no segmento. Por isso, enxerga cada vez mais relevância no propósito da atuação de empresas como a Alinea, cuja missão é assegurar a saúde preventiva com soluções.
Corroborando com tudo o que foi falado, Rubem assinalou que, no final das contas, as reflexões acabam desembocando na questão de haver um melhor aproveitamento dos recursos existentes. Para ele, existem gaps na área, incluindo os mais avançados como Estados Unidos, que levaram à fundação da Filóo, plataforma que provê acesso à saúde e atenção primária, as principais lacunas desse ecossistema mundial. Oriundo também do mercado financeiro, o executivo afirmou que a guinada se deu por sua vontade de fazer algo na economia real e com impacto social. O resultado foi o Instituto Horas da Vida que, segundo ele, já levou saúde gratuita a mais de dois milhões de pessoas até este ano e possibilitou a criação da Filóo. “A tecnologia nos permite efetivamente eliminar desperdícios de forma inteligente, por meio de telemedicina, compilação de dados, prontuários eletrônicos dos pacientes, etc., uma série de soluções que desoneram o sistema.” O executivo ainda descreveu de que maneira tudo isso, ainda mais com o uso de IA, melhora também a jornada do paciente.
Dentro desse panorama e considerando alinhado com tudo o que foi analisado, Cesar afirmou que, na idealização da Mevo, ao mergulhar nas características das dores a serem sanadas dentro do setor, a percepção foi de que faltava digitalização na gestão em atenção primária e alguns aspectos da secundária. “Constatamos um alto nível de ineficiência, com elaboração de receituários manuscritos, muita dificuldade para a jornada dos pacientes crônicos, para obtenção de opiniões diferentes sobre diagnósticos, etc. Por isso, foi se constatando o quanto se pode ganhar em produtividade, eficiência e racionalização de custos com a tecnologia, com destaque para a telemedicina. Sem contar que ainda precisamos avançar em termos de inteligência de dados, com uma cultura mais analítica na saúde.” Para o executivo, há muito que se progredir em termos de estruturação e regulação positiva no segmento para que a inteligência possa suportar médicos e pacientes em toda essa jornada, dando exemplos práticos dos meios de fomentar tudo isso.
Houve tempo, ainda, para os debatedores responderem questões sobre a tecnologia como fator de democratização dos recursos, modelos alternativos de saúde, a importância do diagnóstico precoce, a volta do médico da família, entre muitos outros. O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 829 lives realizadas desde março de 2020, em um acervo que já chega a 2,5 mil vídeos sobre cultura cliente. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA volta na segunda-feira (11), trazendo Rodrigo Farah, head de brand da Shopee, que mostrará como a hiperlocalização de conteúdo vai conquistando o brasileiro; na terça, será a vez de Pedro Cespi, head da Invight; na quarta, Mayra Borges de Souza, vice-presidente de negócios na Getnet Brasil; e, na quinta, Roberto Madureira, diretor de CX da Ligga.