Não é de hoje que se fala do quanto o mobile revolucionou a vida das pessoas, da maneira que mudou seus comportamentos e cultura. Até mesmo na maneira de consumir e se relacionar com as empresas não é mais a mesma. Ter um site responsivo, um aplicativo ou qualquer meio de contato via esse dispositivo já deixou de ser tendência. Além disso, ele se tornou um grande aliado de uma tecnologia que já existia, mas parecia estar longe do alcance da população, realidade aumentada. Segundo João Lee, head de CRM e plataformas na ID\TBWA, as primeiras iniciativas com a inovação datam do final da década de 90, que apareceu em alguns jogos de videogame. Mas foi somente com o avanço dos smartphones que ela teve um maior alcance.
Como ele mesmo conta, a realidade aumentada, ou AR, por meio de sua capacidade de integrar o ambiente real com diversas informações e experiências sensoriais processadas em um dispositivo eletrônico, tornou-se pauta neste ano depois do lançamento do jogo mobile Pokemon Go. Porém, a inovação já pode ser utilizada de diversas maneiras, como fazer com que um carro salte de uma publicidade impressa, ou fazer com que um prédio seja projetado em uma mesa, para o cliente ver o empreendimento. “Mas, até agora, nada gerou tanto buzz quanto o Pokemon Go e os filtros do SnapChat, ambas tecnologias de AR com aplicações brevemente diferentes. Uma integra imagens ao ambiente e a outra aplica animações em pontos definidos de um rosto”, comenta.
Tal popularização da aplicação, justamente, só foi possível por conta do acesso mais facilitado aos smartphones, bem como a democratização no uso da internet móvel. “Hoje, temos um nível de maturidade de tecnologia que permite uma série de aplicações da realidade aumentada em dispositivos móveis com grande penetração no mercado consumidor”, explica Lee, que acredita que para o futuro, cada vez mais, serão lançados aplicativos avançados, que utilizem ainda mais recursos dos celulares e sejam mais funcionais. Uma evolução que, com certeza, poderá trazer grandes vantagens aos usuários, mas acima de tudo para as empresas, especialmente na publicidade. Isso porque essa será uma fonte quase que inesgotável de dados sobre os clientes, permitindo conhece-los ainda mais. “Afinal, tão importante quanto capturar um Pikachu na volta do trabalho, é saber que seu cliente é canhoto, passa perto de sua loja na volta do trabalho e caminha 5 km por dia”, prevê.
Para conseguir ter uma abordagem rápida com a tecnologia, o executivo aconselha que o mais imediato é a criação de aplicativos que aumentem a interação do público com a marca. E, para aumentar o poder de fidelização, é preciso que a empresa consiga colher informações desse público que irá utilizar sua plataforma. Ler nas entrelinhas seu comportamento, gerando peças de comunicação mais eficientes e interações mais precisas. “Com a imensidade de dados adquiridos por sistemas on-line não só conseguimos entender nosso consumidor, como também prever seu comportamento e identificar clusters através de algoritmo. Some isto à dados gerados pelo seu cliente que lhe mostrarão seu comportamento, o tipo de movimento de seu corpo, seu deslocamento pela cidade, sua velocidade média e imagine as possibilidades”, indaga.
Mas, claro, não quer dizer que basta criar uma ferramenta com realidade aumentada e o sucesso é garantido instantaneamente. É preciso ter cuidados, sim, principalmente na hora do planejamento. Primeiro que, para fidelizar, é preciso fortalecer a imagem da marca e aumentar a frequência de uso do aplicativo e ambos os passos somente é possível se a ferramenta for útil para o usuário, se ela melhorar sua vida – nem que seja para um simples momento de lazer. Lee ressalta que tecnologia só pela necessidade de criar uma é um risco, pois sua criação será vazia. “Não adianta criar um aplicativo que acompanhe o usuário durante todo o dia que, ao funcionar, consuma toda a bateria do smartphone. Também não vale desenvolver um programa brilhante com aplicações fantásticas da realidade aumentada e exigir que seu público utilize um dispositivo caro e de última geração”, adiciona. Lembrando ainda que a coleta de dados deve ser autorizada pelo cliente e o processo deve ser seguro. “Além disso, deve garantir que todo dado capturado tenha aplicação real em negócios.”