Autor: Dominic de Souza
Na nova divulgação do ranking do e-readiness, que avalia a predisposição de setenta países a exercerem negócios pela Internet, o Brasil avançou uma posição e passou a ocupar o 42º lugar. Apesar desse crescimento, nota-se que o aumento da demanda de compras ainda não é o ideal quando comparado ao uso da Internet no país. Segundo o relatório TIC domicílios 2007, das pessoas que utilizam a web, 45% pesquisam preços e produtos na rede, e apenas 16% efetuam a compra. Esses dados demonstram, de certo modo, uma curiosidade que os internautas têm nesse novo mercado. No entanto, revelam também certa desconfiança por parte dos usuários ao investirem nesse veículo. Assim, surge uma questão: qual será o futuro desse modelo de negócios?
Considerada um dos principais obstáculos, a segurança atinge tanto os clientes quanto os vendedores. Na hora de anunciar produto ou serviço, as empresas têm receio das reais intenções dos potenciais clientes. De um lado estão os consumidores, que sempre estão desconfiados quanto à idoneidade dos sites, e do outro lado estão os portais, que têm os dados constantemente ameaçados por invasores cibernéticos. Estimo que, para quebrar essa barreira, será preciso criar novos certificados de segurança e leis que fiscalizem mais de perto o e-commerce, pois a falta de profissionalismo de alguns sites reflete negativamente em todos os outros, o que, por conseqüência, diminui a confiabilidade da mídia como um todo.
Outro aspecto importante é que a distância entre pesquisar preços e efetuar a compra ainda é muito grande. Ao se comparar os negócios on-line com outras formas de compra, como por exemplo as lojas de shopping, percebe-se uma segurança maior por parte dos consumidores em investir nesse segundo modelo. Uma das razões para esse fato é que boa parte dos usuários necessitam da atenção de um vendedor, para sentir o produto, realizar testes de qualidade e analisar diferentes modelos, oportunidade que a Internet não oferece.
Porém, a tendência é que essa situação mude com o tempo. Hoje, a maioria dos usuários pesquisa informações sobre os produtos na Internet para comprá-los nas ruas. No futuro, será o contrário: o usuário testará a mercadoria em uma loja, escolherá o produto certo, mas, no final, efetuará toda a negociação pela Internet, onde os custos com comissão nas vendas e os gastos com vendedores são menores. Logo, como a Internet apresentará um crescimento médio de aproximadamente 2,5% ao ano até 2012, segundo dados do instituto Kelsey Group, quem apostar nas vendas on-line colherá bons frutos, pois as expectativas são favoráveis tanto pelo baixo custo quanto pela flexibilidade desse mercado.
No momento nota-se uma infra-estrutura precária, tanto nos portais que oferecem serviços e produtos, quanto na própria Internet. Porém, os investimentos são maciços em ambas as partes. Além disso, a Internet aumenta a velocidade de conexão e de acessibilidade em grandes proporções. Dados do IAB (Interactive Advertising Bureau) estimam que, para 2008, a parcela de acessos por rede banda larga seja de 85%. Já com relação aos sites e portais, devido ao “refinamento” feito pelos próprios clientes, só sobreviverão os mais sérios e competentes. Igualmente às lojas de shoppings e ruas, a tendência é que valores sejam agregados, ou seja, haverá maior diversidade de mercadorias em um único lugar, e mais clientes serão conquistados.
Para o Brasil, diferente de alguns países europeus, o crescimento dos negócios on-line está longe de estagnar. As expectativas são que o aumento passe a ser exponencial nos próximos anos, já que a Internet no Brasil apresenta uma flexibilidade ímpar e os empresários e consumidores estão sempre abertos a novas idéias, fato que ajuda a solidificar a imagem de uma mídia segura e eficaz. Cabe à sociedade quebrar alguns “preconceitos” e apostar um pouco mais nessa mídia, pois assim como todo bom negócio, a Internet tem seus prós e contras, mas todos os indícios apontam que, em pouco tempo, os pontos positivos serão bem mais evidentes, e isso consolidará essa mídia como um ótimo mercado.
Dominic de Souza é Country Manager da DQ&A.