O impacto da queda nas taxas de juros nos últimos anos foi mais significativo do que o aumento dos prazos do crediário e da renda na ampliação das vendas. Esse dado é do estudo “Vendas no varejo: o que explica a demanda?”, realizado pelo Provar (Programa de Administração de Varejo), da FIA (Fundação Instituto de Administração), em conjunto com a Canal Varejo – Consultoria em Varejo de Bens e Serviços. O objetivo da pesquisa é identificar os aspectos que intervêm na demanda do varejo e a intensidade do impacto de variáveis importantes, como renda média, juros, crédito e endividamento e que definitivamente podem definir a demanda de produtos no mercado interno.
Em relação à renda média do consumidor observou-se também uma queda, o que diminui a capacidade de consumo. Esse indicador reflete o grau de endividamento e o comprometimento do orçamento com o pagamento de prestações e dívidas. Segundo o professor Cláudio Felisoni, coordenador geral do Provar, o aumento da renda tem efeito ambíguo no comércio varejista. “Num primeiro momento amplia as vendas, mas também tem impacto sobre endividamento, o que reduz o potencial de consumo a médio prazo”, explica.
De acordo com o estudo, para cada 1% de expansão da renda, o endividamento cresce 1,7%, se forem mantidos os prazos de pagamento e taxas de juros. Ao mesmo tempo, quando os juros crescem 1%, o aumento do endividamento chega a 0,84%. O alongamento dos prazos exerce efeito positivo sobre o endividamento. Cada vez que o prazo aumenta, ocorre uma redução no valor da parcela do crediário. O comprometimento da renda é reduzido, de modo que para cada 1% se apresenta uma redução de 0,31% no comprometimento de renda.
Em relação aos impactos sazonais, a pesquisa compara as médias de vendas mensais por trimestre, utilizando como base o quarto trimestre. Com base em dados históricos, o mês de dezembro, com o Natal, apresenta, sozinho, uma venda 120 pontos percentuais superior a venda média mensal do quarto trimestre, dimensionando a relevância deste período para o varejo.
