Sandro Bonás
Seja pela praticidade, por encontrar preços mais justos ou maior variedade de produtos, comprar pela Internet é uma experiência já inserida no hábito do consumidor. Por onde quer que naveguemos na web, somos constantemente assediados por banners, pop-ups e e-mails que nos direcionam a cair nas redes dessa mais nova forma de consumo.
A era do comércio eletrônico é comprovada pelos números desse mercado. Segundo pesquisas feitas pelo instituto E-bit, o ano de 2006 deve representar um crescimento de 56% no varejo on-line brasileiro e as vendas devem chegar aos R$ 3,9 bilhões no país, em comparação aos R$ 2,5 bilhões alcançados em 2005. Além do crescimento da cultura de comprar pela Internet, que certamente é um dos fatores de “explosão” da tendência, outro motor dessa evolução é a profissionalização do e-commerce. A venda pela Internet passou a ser levada a sério e há um grande esforço para atrair o consumidor para o ambiente digital.
Esse panorama se difere muito do final da década de 90, quando a Internet era ainda uma terra de aventureiros. Nessa época, algumas empresas já investiam na venda pela web, porém sem planejamento ou estrutura para suportar uma operação organizada. Os principais benefícios esperados de um e-commerce, era a viabilização de um canal de vendas que estivesse 100% do tempo on-line, resultasse em centralização de pedidos, estoque integrado e abrangência de praça, mesmo que isso sempre esbarrasse em questões logísticas.
Aos poucos, o panorama foi mudando e as empresas começaram a enxergar o que, para alguns, já estava claro há muito tempo: o e-commerce é um grande negócio, se explorado com inteligência. Isso motivou a evolução das plataformas, que são desenvolvidas para entender o consumidor na web, e também de novas métricas de administração desse tipo de software. Surgiu um novo tipo de profissional – conhecedor não só dos aspectos da tecnologia, mas também fundamentado pelas questões de marketing e comunicação – e o mercado também se tornou mais exigente. Diante desse cenário, é possível (e necessário) fazer muito mais.
Os sistemas de e-commerce podem representar uma ferramenta de vendas muito mais poderosa do que é atualmente, possibilitando o aumento do ticket médio do varejo, o número de itens comercializados, a taxa de conversão e de retorno. Com a diminuição constante dos custos da tecnologia, eles podem ainda representar diminuição do custo operacional.
Um dos principais poderes é a forma de interagir com o consumidor. Quando vamos ao shopping, as mesmas vitrines são apresentadas às senhoras, senhores, adolescentes, crianças e mulheres – e pessoas com naturezas e comportamentos tão diferentes dificilmente serão despertadas pelo mesmo apelo visual, pelos mesmos produtos.
A magia do comércio eletrônico é permitir que a vitrine apresentada a uma pessoa possa ser única e exclusiva para ela. O sistema aprende com o comportamento, seu histórico de compras, seu perfil, sua idade, ou seja, “lê os pensamentos” e fala a língua do comprador. Assim oferece produtos que fazem sentido a ele, instigam e empolgam, até que ele sinta que precisa comprá-lo. Esse atendimento personalizado diferencia a loja virtual da loja física e torna a experiência de compra on-line muito mais interessante.
Agora, a pergunta é: se isso é possível hoje, porque muitas empresas ainda não utilizam esses recursos? Porque, para alguns profissionais que parecem ter parado no tempo, ainda falta a visão necessária para que o investimento se concretize e se tenha o e-commerce como um canal de vendas diferenciado. Nesses casos, a empresa continuará contando com uma simples loja virtual e não com o potencial de uma verdadeira plataforma de e-commerce.
Sandro Bonás é diretor da Fábrica de Software da Cadmus. ([email protected])