Os riscos na disruptura

Autor: Claudio Soutto
As empresas de hoje estão inovando nos modelos de negócios, produtos, serviços e engajamento do cliente, incrementando as operações em mercados e setores. Grande parte dessa inovação é impulsionada pela adoção em grande escala de tecnologias emergentes. Esse movimento tornou-se uma fonte de valor, medida por uma tomada de decisão mais rápida ou pelo incremento de receita, uma antítese aos projetos tradicionais que normalmente duram meses ou anos.
O uso de tecnologias emergentes como internet das coisas, impressão 3D, automação cognitiva e blockchain pode levar a um desempenho inovador e a um crescimento significativo das empresas. Cabe ressaltar que elas terão um impacto grande nos negócios nos próximos anos, o que inclui a alteração da forma de funcionamento das indústrias como, por exemplo, a da mídia (gravadoras, locadoras de vídeo e jornais), passando pela digitalização e automação que transformam modelos operacionais, chegando aos dispositivos móveis e análises de dados que geram o engajamento do cliente com as empresas.
O processo pelo qual as empresas avaliam, selecionam, investem e implantam essas novas ferramentas tem um papel fundamental no diferencial competitivo, crescimento de mercado, mas também nas perdas monetárias, baixas contábeis e danos à reputação. Ao passo que criam grandes oportunidades, essas tecnologias emergentes apresentam muitos desafios e trazem algumas consequências ainda desconhecidas quando comparadas a outras ferramentas mais maduras como aplicativos, mídia social, dispositivos móveis e computação em nuvem.
Nesse sentido, se não bem planejado, esse modelo disruptivo apresenta alguns riscos significativos que podem mais do que compensar quaisquer benefícios. Além de ser um fator crítico para o negócio, compreender quando, como, por que e quais delas devem ser implementadas é fundamental para minimizar essas intercorrências. Nessa corrida pela busca da inovação e para ter o controle das tecnologias emergentes, é fácil deixar a governança de lado. Vale aqui apontar que isso pode levar a custos relevantes.
As características únicas das tecnologias emergentes – como as diversas aplicações, inúmeras preocupações com relação às novas capacidades, a necessidade de engajamento público e o desafio da coordenação entre os atores da governança – criam a necessidade de uma nova abordagem de governança e uma nova lente através da qual é possível ver o gerenciamento de riscos. Há evidências de que as organizações ao redor do mundo estão fazendo investimentos significativos e adotando tecnologias emergentes, mas não as incluindo em avaliações de risco de TI. Isso pode levar a uma exposição significativa, pois há muitos riscos internos como o desalinhamento com estratégia da empresa, falta de financiamento adequado e de apoio executivo, retornos insuficientes (ROI) e o medo do fracasso, além de externos como regulamentações inconsistentes e inexistentes, perda do valor da marca e a evolução constante dos riscos.
Estabelecer uma base conceitual de governança que aceite plenamente as tecnologias disruptivas e que estimule a inovação enquanto garante que os riscos sejam identificados e gerenciados é fundamental para a capacidade de uma organização sobreviver e prosperar em um mundo digital.
Claudio Soutto é sócio-líder de consultoria em Tecnologia da Informação da KPMG.

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