Autor: Gustavo Pereira
Afinidade. Este é o principal motivo que leva as pessoas a se unirem nas mídias sociais no Brasil, onde esta aproximação dá-se por diversos motivos, que vão desde opiniões pessoais a tipos bem específicos de comportamentos. Em 2010 a Nielsen Online destacou um estudo em que o Brasil aparece como o país mais conectado em redes sociais, com a participação de até 86% dos usuários ativos.
Mas vejamos épocas mais distantes. Voltamos a 2005, mais especificamente em 05 de abril, onde finalmente o Orkut ganha a versão brasileira. Era o momento libertador em que milhares de brasileiros lutavam por um convite, já que o site em seu início não era aberto para todos. Ao longo destes seis anos, os brasileiros aprenderam a conviver com todo o tipo de plataforma de relacionamento. De gratuitas às pagas, os usuários mudaram suas necessidade e prioridades e como tudo neste nosso mundo digital, evoluir é inerente.
Um estudo realizado pela Forrester Research, empresa de pesquisas, descreve as eras evolutivas das mídias sociais, sendo importante ressaltar que não se trata de períodos delimitantes, mas fases sobrepostas, ganhando ou perdendo intensidade com o passar dos anos. Vejam em detalhes:
Era das Relações Sociais: Conectar-se a outras e compartilhar.
Início: 2005 | Auge: 2003 a 2012.
Era da Funcionalidade Social: Redes sociais tornam-se um sistema operacional.
Início: 2007 | Auge: 2007 a 2010.
Era de Colonização Social: Agora toda a experiência pode ser compartilhada.
Início: 2009 | Auge: 2011.
Era do Contexto Social: O conteúdo é direto e personalizado.
Início: 2010 | Auge: 2012
Era de Comércio Social: As comunidades consomem e ajudam a definir futuros produtos e serviços.
Início: 2011 | Auge: 2013
Ao estudar mais detalhadamente a realidade brasileira nas mídias sociais, pude perceber não um momento dividido por eras, mas o surgimento de estágios comportamentais separados por fatores sócio-tecnológicos.
O objetivo desta análise é debater as etapas vivenciadas pelos usuários frente ao seu momento de vida, idade ou condição econômica.
Estágio 01: Aproximação inclusiva.
Neste momento o usuário está frente a um mar de possibilidades. Deslumbrado com os inúmeros recursos, tudo é novidade e o que mais importa é ter um perfil lotado. Sua atenção está voltada em adicionar cada vez mais pessoas, conversar com todos ao mesmo tempo e não cogita a possibilidade de perder pessoas. Os usuário querem abraçar o mundo e com isso a qualidade no diálogo “empresa x consumidor” sai prejudicada. Geralmente o resultado de promoções via banners é muito boa.
Estágio 02: Exclusão do dispensável.
Aqui o usuário já opera os recursos disponíveis com mais segurança e possui um nível de relacionamento mais intenso com seus amigos. A estrutura de seus dados digitais é mais complexa, contendo grande quantidade de fotos, vídeos, jogos e principalmente pessoas para dar atenção. Começa a percepção de relacionamento, mas a idéia de popularidade ainda é marcante fazendo com que a qualidade dos seus relacionamentos “empresa x consumidor” ainda seja baixa.
Adicionar novos usuários perde importância, os relacionamentos se estabilizam e perder usuários, ainda mais os mais chatos, não incomoda tanto.
Estágio 03: Inclusão seletiva.
O usuário tem pleno domínio dos recursos e cada minuto conectado tem um por que. Não cogita perder tempo e cada passo dado é feito com um objetivo muito claro, mesmo que para a diversão. Trocar informações, experiências, tirar dúvidas, emitir e receber opiniões. São estes elementos que caracterizam o seu momento de vida digital. O seu mundo é único e compartilhar deste ambiente é um privilégio para poucos. Agora cada pessoa adicionada tem um objetivo, seja social, afetivo ou econômico, mas tem que ter um motivo. O nível de relacionamento “empresa x consumidor”, além de estar estabelecido, alcança o nível do desejável. As pessoas precisam se relacionar com as marcas e produtos que mais amam. Ele quer consumir e precisa que as empresas esclareçam suas dúvidas. A esta altura, perder seguidores irrelevantes chega a ser um favor. Este usuário só tem interesse no relevante.
Gustavo Pereira é professor de marketing digital