Pela evolução ou pela revolução

*Anand Sharma


Após meses de uma retórica acalorada sobre terceirização, é provável que, se a sua organização adotou o suprimento global e cadeias de suprimentos, você esteja um tanto preocupado. É a coisa certa para o país? Sua empresa é parte da solução ou do problema?

Eu diria que as perguntas que fazemos são um pouco limitadas. À medida que as empresas contratam novos profissionais, precisamos considerar essas questões globalmente.

Por milênios, tem havido uma grande disparidade entre a saúde relativa dos países e, naturalmente, os custos trabalhistas entre os países. Como embarcar e viajar tornou-se mais seguro e com custo efetivo, temos conseguido aproveitar as vantagens dessas margens dos custos trabalhistas, consequentemente, haverá um nivelamento em termos mundiais, seja por evolução ou por revolução.

Terceirização, ao longo prazo, será parte da solução. Como fabricantes globais, nós criamos empregos e novos clientes, e elevamos o padrão de vida em todas as áreas em que tocamos. Conduzimos a evolução econômica que nos levará à organizações verdadeiramente globais. Na China, onde as taxas de emprego começaram a subir, há um bom exemplo em uma nova empresa automobilística chamada SAIC Cherry.

À medida que a China se impulsiona com uma rápida industrialização, os fabricantes que foram para lá pelos custos trabalhistas baixos impulsionaram a economia: juntamente com empregos e renda, os fabricantes estavam criando um mercado enorme e quase virgem. A General Motors estima que 74 milhões de famílias chinesas podem-se dar ao luxo de comprar automóveis, ainda que a renda anual percapta ainda esteja abaixo de US$ 1 mil nas cidades, porque os chineses têm a tendência de serem mais econômicos e o crédito tornou-se abundante.

A corrida para fornecer automóveis a esse mercado já começou. O Japão achava que teria vantagens em função da proximidade, mas a Volkswagen, maior fabricante de automóveis da Europa, se tornou o maior vendedor estrangeiro e agora vende mais automóveis na China do que na Alemanha. Mesmo um novo participante, como a SAIC Cherry, subsidiária da Shanghai Automotive Industrial Corporation, espera vender 250 mil automóveis na China em 2005.

Algumas pessoas podem enxergar isso como uma corrida de cavalos, com a China ganhando do Japão e da Alemanha, mas esse pensamento é antiquado. Cada um desses fabricantes de automóveis utiliza peças fabricadas ao redor do mundo, e financiadas por fontes internacionais. A GM tem uma participação de 20% na companhia controladora da SAIC Cherry.

Isso nos leva ao segundo passo da evolução: à medida que as taxas de emprego tornam-se mais iguais, e mercados como os da China, Índia e México tornam-se cada vez mais lucrativos, estamos observando a ascenção de corporações verdadeiramente globais.

Com o tempo, as melhores empresas terão um cérebro centralizado e utilizarão parcerias e subsidiárias ao redor do mundo como sensores de mercados locais – próximos aos clientes, em sintonia com seus desejos. É desta forma que os fabricantes devem se preparar para amanhã: adotando estratégias que sejam globais e locais por natureza, tornando-se parte da solução.

(*)Anand Sharma é o fundador e CEO do TBM Consulting Group, Inc. e autor de A Máquina Perfeita (Pearson Editora, 2003). Foi nomeado um Herói da Manufatura nos EUA pela revista Fortune, e recebeu a premiação Donald Burnham Manufacturing Management da SME.

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