A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) promoveu, ontem (24/05), em sua sede no Centro de São Paulo, mais um seminário “Perspectivas da Economia”. O presidente da ACSP e Facesp, Alencar Burti, abriu o evento, comentando sobre os prognósticos que os especialistas estavam prestes a dar, sobre a crise européia. “Em tempos de crise, ou vamos muito mal, ou conseguimos nos blindar”, comentou.
Para o economista, sócio da Tendências Consultoria e ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, mais uma vez serão os países emergentes que sustentarão o cenário de crise, mantendo o ritmo forte de crescimento. Dentro dessa conjuntura, Loyola comentou a situação do Brasil: “O País está mais resistente a crises: contamos com um sistema financeiro mais sólido, menos exposto às ondas de turbulência da economia mundial”. Segundo o economista, essa solidez é sustentada pelo seguinte tripé: “O câmbio flutuante absorve os choques externos, enquanto o Banco Central autônomo mantém as metas de inflação e, por fim, o regime fiscal robusto ajuda a gerar superávit primário”, aponta.
Quanto às perspectivas para 2010, o especialista aposta nos seguintes números: PIB crescendo a 6,5%, massa salarial a 5,6%, produção industrial a 11%, vendas no varejo a 9,7%, crédito a pessoa física a 11% e a pessoa jurídica a 8%. “A inflação ficará acima da meta de 4,5%, porém ainda dentro da banda de tolerância”, comenta. “Hoje o Brasil tem capacidade de crescer mais do que na década passada e estamos indiscutivelmente mais preparados para enfrentar turbulências externas. Contudo, ainda estamos muito atrasados em termos de reformas, além de contarmos com um sistema tributário ineficiente e uma reinserção do Estado nas questões empresariais”, finalizou.
Na sequência, o economista da ACSP e professor da USP, Ulisses Gamboa, apresentou mais perspectivas do cenário econômico nacional, destacando a retomada do emprego nas áreas de comércio e serviço. Para 2010, Gamboa aposta na geração de empregos formais em todos os setores – inclusive na indústria, que amargou grandes perdas durante a crise econômica. De acordo com o economista, os fatores de expansão para o Brasil são: crescimento do consumo das famílias, recuperação do investimento produtivo e crescimento do gasto público. “Por outro lado, nossos fatores de risco são: crescimento, embora limitado, da inflação; menor solvência fiscal, desvalorização das contas externas e do câmbio”, finalizou.
O economista-chefe e superintendente institucional da ACSP, Marcel Solimeo, apresentou os impactos da economia no cenário nacional de crédito e inadimplência. Dentre os fatores que impulsionarão a expansão no crédito para 2010, o especialista aposta na combinação juros menores e prazos mais longos, o que diminui o valor das prestações. “Além disso, contamos com a disseminação dos créditos com garantia, especialmente, para veículos e consignado”, aposta o executivo. Apesar do cenário de crescimento, Solimeo alerta sobre a ilusão de lidar com números recordes. Sobre a explosão do crédito no Brasil, Solimeo comenta o fato do País estar vivenciando um aumento de demanda mais de acordo com o crescimento da renda.