Autor: Ricardo Piza
A sucessão na empresa ocorre por diferentes razões: pode acontecer pela passagem de uma gestão para outra, quando há troca de diretoria executiva ou do board de administração, por exemplo. Em outras oportunidades, pela transferência de gerações (sucessão em decorrência do falecimento ou da aposentadoria do patriarca ou da matriarca). Pode também resultar de derivações empresariais, como é o caso de uma fusão ou aquisição.
Tratemos exclusivamente do caso das sucessões naturais, como ocorre quando falece um patriarca fundador. Imagine se não há um planejamento prévio e profissional, com regras claras sobre a acomodação do patrimônio dos sucessores e a conservação das atividades mercantis? Calcule se os filhos forem todos menores e não houver uma adequada estrutura que cuide dos interesses familiares, dos colaboradores, dos credores e dos fornecedores?
Se você intimamente respondeu que esta empresa estará fadada a uma grave crise, com discussões infindáveis e lides judiciais quando da abertura do inventário, você acertou. Ela pode, sem surpresas, morrer junto de seu empreendedor. Não raro há uma forte omissão, causada pela despreocupação e pela inadequada sensação de que o ser humano se eterniza e a empresa perece, quando a verdade mais universal que existe é que o homem um dia certamente morrerá, mas seu legado, bom ou ruim, é perene.
Uma empresa é um destes legados, um organismo vivo nascido para ser eterno, cada vez mais desenvolvido e independente das energias de seu fundador. É por esse motivo que a sucessão empresarial deve ser tratada corajosa e profissionalmente. É preciso que as conquistas acumuladas durante anos de torrenciais batalhas nos inóspitos campos de guerra do mercado sejam tratadas de forma a serem protegidas dos males até então invisíveis, que geralmente ganham forma poucos dias após o falecimento do líder fundador.
Nem todos os sucessores possuem a preparação ou a vocação empreendedora do sucedido, mas desejam se tornar os líderes do processo de continuidade das atividades da empresa. Alguns sucessores, por sua vez, pretendem exercer dons diversos do empreendedorismo, seguindo a carreira liberal como médicos, advogados, artistas. Todas estas circunstâncias devem ser objeto de estudo, planejamento e execução adequada ao fim sucessório, que visa a continuidade do organismo empresarial.
A empresa pode e deve ser útil a impulsionar os sonhos dos sucessores, sejam eles quais forem. Há que se lembrar ainda dos executivos e colaboradores que dedicaram suas vidas e carreiras pelo sucesso daquela mesma empresa. Nenhum destes atores merece conviver com o declínio, o perdimento de bens e fluxos de caixa antes tão importantes. É possível prever, em caso de descompassos maiores entre os sucessores, inclusive, a alienação ordenada da companhia, de forma a preservar o capital e o bem social gerados pelo negócio.
Enfim, a empresa nasce para não morrer, para ser eternamente útil e próspera. Fundadores e gestores passam, mas a empresa segue, espera-se, em desenvolvimento.
Ricardo Piza é presidente do Lions Clube SP Indianópolis, Membro da Comissão de Relações Institucionais da OAB/SP e CEO da RPHolding – controladora das empresas do Grupo Piza.