Autor: Airton Cicchetto
Por mais que se propagem os benefícios de uma gestão estruturada ou os riscos de não tê-la, parece que nem todos os executivos dão a devida atenção ao tema. Recentemente, a revista Exame, publicou uma pesquisa na qual 20% dos entrevistados consideram que sua empresa não se preocupa em investir na melhoria da gestão. O estudo foi feito pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e entrevistou executivos de 212 empresas brasileiras.
Difícil acreditar que num ambiente de negócios tão acirrado como nos dias atuais, ainda haja descuido com a gestão. No segmento das PMEs, pequenas e médias empresas, a situação é ainda pior. Conforme publicado no jornal O Estado de São Paulo de 13 de agosto, dados de recente pesquisa do Sebrae-SP mostram que o empreendedor brasileiro ainda comete erros básicos. Diz a matéria: “nada menos do que 46% (quase metade) dos entrevistados não sabiam quantos eram seus clientes potenciais ou seus hábitos de consumo. Ainda pior: 39% deles desconheciam qual era o capital de giro necessário para manter o negócio em atividade e outros 38% não tinham sequer pesquisado sobre seus concorrentes”. Estes números ajudam a explicar em grande parte as dificuldades financeiras pelas quais passa o empresariado no país e o baixo índice de sobrevivência das empresas brasileiras. Uma em cada quatro cerram as portas antes dos primeiros dois anos de atividades.
No mundo moderno tudo precisa ser gerenciado: a vida pessoal, a carreira profissional, o tempo, a agenda, enfim, tudo deve ser controlado e, quando algo escapa ao nosso controle ou não se apresenta como deveria, é provavelmente porque não o estamos gerenciando adequadamente. Desde cedo as crianças de hoje aprendem a ter responsabilidade sobre seus compromissos, isto é, aprendem a gerenciar sua agenda.
Com mais razão, se espera que um gestor de empresas busque um contínuo aperfeiçoamento de suas competências gerenciais, com vistas ao melhor desempenho de suas funções profissionais e aprimoramento do complexo de gerenciamento de sua empresa. O mesmo é esperado de um profissional liberal que, além de competência e conhecimentos no seu ramo específico de atuação, tem também que desenvolver capacidade de gerenciar sua atividade-empresa. Nestes casos, a competência na gestão ajuda a explicar porque profissionais, médicos, dentistas, advogados, arquitetos, entre outros, muitas vezes, formados na mesma escola, no mesmo ano, mesma turma, apresentam diferentes graus de sucesso em suas carreiras profissionais.
Todos sabemos que gerenciar uma organização, seja ela pequena, média, de grande porte, pública ou privada, não é tarefa simples. Gerenciar dá trabalho, entretanto, o ambiente dos negócios vem ficando cada dia mais competitivo, exigente e desafiador. Gerenciamento tornou-se uma atribuição complexa, por tratar de questões muito abrangentes, com problemas e demandas de toda ordem, que ocorrem simultaneamente e exigem do gestor respostas adequadas e imediatas às mais diversas solicitações. A importância da gestão e essas pressões do ambiente fomentaram, no mundo todo, uma verdadeira indústria do management editorial. Nos últimos vinte anos, se pesquisou e publicou mais sobre gerenciamento do que nos 2 mil anos precedentes, no mundo cristão. Como resultado, há hoje uma infinidade de modelos, conceitos, técnicas, parâmetros e ferramentas de gestão à disposição dos gerentes e administradores.
Como se vê, o mundo tem pesquisado e investido maciçamente em gerenciamento, pois cada vez mais as empresas e profissionais precisam aprimorar seus métodos e sua competência em gestão. E, como diz o ditado: “negócio ruim, com boa gestão fica bom; negócio bom com gestão ruim fica ruim”. Portanto, se não estiver gerenciando bem, cuidando adequadamente de sua empresa e/ ou sua carreira, você está na rota do insucesso. É hora de rever suas atitudes para não se arrepender mais tarde.
Airton Cicchetto é engenheiro, mestre em administração de empresas e idealizador do modelo SCG, Simples Complexo Gerencial – Simplificando a Gestão.