Prática antiga, estratégia nova

Já diz o dito popular: “quem conta um conto, aumenta um ponto”. O ato de contar histórias é algo antigo na sociedade. Aliás, poucas são as situações em que não se conta uma história, seja desde uma fofoca até uma notícia, sempre há algo que precise de uma narrativa. Da mesma forma, novas formas de transmitir momentos surgem a todo instante, como as redes sociais, a transição das mensagens escritas para as feitas em vídeo e, no mundo corporativo, a opção de as próprias empresas poderem também narrar seus relatos. “É engraçado falar em storytelling como algo novo, porque contar histórias é tão antigo quanto a própria humanidade, é um ato intrínseco ao ser humano”, aponta a sócia da B! Storytelling, Gisele Meter. 
Assim, a grande diferença do storytelling, segundo a executiva, é a sua “nova roupagem”, pois o que antes poderia ser feito de forma inconsciente, hoje, é feita de maneira totalmente intencional. “Se antes para chamar a atenção das pessoas, utilizava-se o ‘dom’ de contar histórias, hoje se utiliza a estrutura para atingir o objetivo que se espera e o principal diferencial está na forma como essa informação chega ao ouvinte”, diz. Como ela exemplifica, um dado solto acaba sendo apenas um dado para o cliente, mas uma história, por chegar por meio da emoção, o que tem maior chance de impactá-lo. 
Ao fazer uso de uma fidelização mais emocional, a empresa ainda conta com o benefício de criar um relacionamento mais humanizado com o público, uma vez que histórias possuem o poder de aproximar e cativar as pessoas. Por outro lado, Gisele ressalta que é preciso que a narração tenha um objetivo claro, “caso contrário podem passar superficialidade e até mesmo falsidade o que teria um efeito contrário”. Sem contar que nem toda história serve para todo tipo de perfil e isso é um fator que deve ser avaliado. “Elas ainda nivelam o conhecimento. Independente de currículo ou grau de hierarquia de uma pessoa, quando se conta uma história todas as pessoas entendem, cada uma a sua maneira e se a essência é bem construída, a mensagem é passada de forma linear”, adiciona. Ou seja, muitos são os negócios que fazem do storytelling a sua chance para chegarem a diferentes públicos com uma mesma mensagem. 
Com isso, o retorno positivo é a diminuição de se ter ruídos na comunicação, sem abrir margens a interpretações erradas ou mal entendidas. “É possível não somente informar, mas também engajar as pessoas para que assim elas possam gerar os resultados que se espera.” Tal resultado é o engajamento do consumidor com a marca, bem como sua maior permanência na base de clientes. Além do fato de que, cada vez mais, ter laços fortalecidos com público é algo importante para a sobrevivência do negócio. “Hoje, custa de cinco a sete vezes mais caro conquistar um cliente novo do que manter o antigo, por isso manter a base ativa é importantíssimo. Uma das maneiras de trabalhar a gestão desses clientes é através da experiência de marca”, afirma a executiva.
Como é o caso da Coca-Cola, que trabalha com campanhas individualizadas, trazendo produtos para o cotidiano dos seus clientes, em que cada um possui suas expectativas e acabam trazendo novos conteúdos à empresa. Para isso, é preciso conhecer muito a missão, visão, valores e o que a espera do futuro. “Tendo isto em mente, o próximo passo é saber qual objetivo ela quer atingir ao contar uma história: por que e para quê quer isso”, conta Gisele. “Se uma empresa não souber reconhecer a própria história, bem como os elementos que a fizeram chegar aonde chegou, dificilmente saberá contar histórias de seus produtos ou de sua marca para clientes ou stakeholders.”

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