Artigo: Fernando Tassinari
Como as crianças nascidas nos últimos cinco anos vão consumir informação? Com certeza não será da forma como estamos acostumados. O acesso a conteúdo e serviços está cada vez mais atrelado às mais variadas telas, sejam elas do computador, do celular, do tablet, da TV. Daí a denominação de Geração S, que faz referência a touch screen, uma tecnologia que já está completamente integrada ao cotidiano, em especial dos adolescentes de hoje.
Cada nova geração conhece e acompanha avanços na tecnologia e na comunicação que mudam completamente seu modo de viver, sua rotina e suas experiências. A forma como acessam conteúdo, compartilham ou mesmo criam é completamente diferente de tudo que já vimos e vivemos até hoje.
Essas crianças e adolescentes nasceram e estão crescendo durante uma das mais significativas revoluções tecnológicas e digitais da nossa existência. O surgimento das telas nas quais basta tocar para ampliar, ler, copiar, corrigir, digitar e repassar conteúdos faz com que essa experiência seja completamente diferente de tudo que conhecemos. Isso é muito forte.
De acordo com o NPD Group, 27% de todas as TVs vendidas no primeiro trimestre de 2012 nos Estados unidos (quase 14 milhões) foram Smart TVs com acesso à Internet. Aliado a isso, o Gartner Group estima que quase 60 milhões de tablets serão comercializados este ano no mundo, dobrando o total de usuários. Sobre os smartphones, a previsão do Goldman Sachs é que as vendas alcancem quase 2 bilhões de aparelhos.
Esses jovens estão crescendo em uma sociedade onde as telas são usadas para tudo, do entretenimento à comunicação, educação, compras e transações. Isso torna o mundo muito menor e mais acessível, seja em tempo real ou sob demanda.
Os nascidos na Geração S nunca conhecerão um mundo sem telas, sem estarem conectados, sem toques ou controles de gesto, ou sem câmeras para captar, interagir, compartilhar e se conectar com outros instantaneamente. Quem nunca se surpreendeu ao se deparar com uma criança que navega melhor em smartphones ou iPads do que nós? É fato que elas já usam e interagem com as TVs de uma forma muito mais fácil que os adultos. O teclado e o mouse são elementos esquisitos a eles, bem como em breve serão os controles remotos.
Nesse contexto, como profissionais de marketing, marcas, varejistas e editores podem continuar relevantes para um público que espera transacionar quase tudo em uma tela sensível ao toque? Primeiro, eles precisam estar onde o consumidor está e garantir uma experiência de marca relevante, independentemente de como o conteúdo e as informações foram descobertos. Isso passa pela criação e redesenho de sites, de forma a contemplar, de forma adequada e dinâmica, diferentes telas e sistemas operacionais.
Hoje, 45% das empresas listadas na Fortune 500 não têm aplicativos ou sites otimizados para aparelhos móveis, de acordo com um recente estudo do IAB (Interactive Advertising Bureau). Mesmo considerando empresas e marcas que vêm criando aplicativos e serviços específicos para esse tipo de dispositivo, ainda há uma inadequação de target x ação.
Ou seja, os serviços disponíveis ainda não contemplam a geração S (que ainda é jovem, e não um consumidor formado), mas sim as gerações Y, Z e as mais velhas que, embora adorem a experiência, ainda são mais impactadas pelos meios de comunicação convencionais como TV, rádio, jornais, revistas e internet.
Esta longa jornada está só no começo, e em breve tudo deve evoluir. A hora agora é de pensar, aprender, testar, experimentar, identificar formas de mensurar adequadamente e, principalmente, de estarmos todos muito antenados e ligados na evolução tecnológica que diariamente bate à nossa porta.
Fernando Tassinari é CEO da MRM Worldwide Brasil.