Com o objetivo de traçar o primeiro perfil do setor de terceirização no Brasil, a ProPay, empresa de BPO (Business Process Outsourcing), especializada em processos da área de RH de corporações, realizou a pesquisa “Melhores Práticas de Tecnologia e Formas de Administração de RH”. Os questionários foram respondidos on-line por 223 representantes de empresas, no stand da ProPay, durante o Conarh 2002.
Além de avaliar os fatores determinantes do outsourcing em geral e da área de RH em particular, o levantamento indicou quais são os sistemas de ERP mais utilizados pelas empresas, os principais módulos de gestão de RH e os softwares mais comuns, entre outros itens.
Dos entrevistados, 58% informaram que suas empresas já utilizam o ERP (Enterprise Resource Planning) como sistema de integração do fluxo de informações. Num cruzamento de dados com a remuneração dessas empresas, a pesquisa revelou que quanto mais alto o salário médio, maior a tendência para a adoção do ERP: 51% das empresas que já usam o sistema possuem seus salários médios acima de R$ 1.501,00 e 26% encontra-se na faixa de R$ 1.001,00 a R$ 1.500,00. Os quatro ERPs mais citados são o SAP, Oracle, Datasul e Microsiga.
Já os cinco módulos de Gestão de RH mais utilizados pelos entrevistados foram: SAP, Peoplesoft, Datasul, Microsiga e RM, embora uma boa parcela, 27%, tenha mencionado “outros módulos”, numa referência a sistemas de pequenos fornecedores ou desenvolvidos internamente pelas empresas usuárias.
Sobre a utilização de softwares de folha de pagamento, 26% ainda utiliza ferramentas desenhadas internamente e a grande maioria, 51%, adquiriu um pacote específico externo para o processamento. Estão entre os pacotes mais lembrados os da RM, Microsiga, Datasul, ADP, Apdata, ASM e LG. “74% dos entrevistados afirmaram já conhecer a terceirização de administração de pessoal, 67% nunca procuraram implantar o processo em sua empresa e 23% já terceirizam a sua folha de pagamento”, explica Alexandre de Botton, sócio da ProPay e responsável pela pesquisa.
O mercado potencial do Brasil para a terceirização dos processos de RH é bastante promissor. As estimativas de 1998 apontavam US$ 2,4 bilhões, com uma penetração de apenas 3%. Vale destacar que os números do Brasil representam quase 45% da capacidade de toda a América Latina que, no mesmo período, foi estimada em US$ 5,5 bilhões. Nos EUA, somente o mercado de outsourcing de Folha de Pagamento foi estimado em US$ 21 bilhões, com uma penetração atual de 35%, ou seja, US$ 8 bilhões de mercado.
Ao serem questionadas as razões que levam as empresas à terceirização, as respostas que mais se destacaram foram a redução de custos administrativos, o redirecionamento do RH para ações mais estratégicas e o aumento da relação custo-benefício. Trata-se, inclusive, de uma tendência mundial já apontada em pesquisa realizada em 1996 nos EUA (HR Outsourcing – Cook, Mary F. – Ed. Amacom, pág. 5), que indica que as principais razões para a terceirização naquele país são a redução dos custos administrativos, o redirecionamento do RH para estratégia e planejamento e o foco no core business.
Os resultados sob a ótica de atividades de RH, Segurança e Medicina do Trabalho aparece em primeiro lugar como atividade mais terceirizada, da qual aproximadamente um terço dos profissionais de RH optaram pela terceirização, seguida de perto por Recrutamento e Seleção e Treinamento. Uma das grandes surpresas da pesquisa, no entanto, foi o alto índice de terceirização nas área de folha de pagamentos (23% vs. 3% de dimensionamento de mercado em 1998).