As inovações mexeram no mundo de uma forma geral, seja com os consumidores, seja com o mercado. Hoje, a maior empresa de varejo no mundo, não possui uma loja física. A maior rede de hotéis, não tem nenhum hotel próprio. A maior frota de táxi, não possui nenhum carro próprio. Ou seja, a forma de negócio mudou e chegou a hora de todos se adaptarem. “A questão hoje não é se seu negócio será disruptível, mas quando”, comentou Renato Valente, country manager da Telefónica Open Future, durante o Meeting ClienteSA Digital, realizado ontem (18). Na sua apresentação, o executivo levantou a questão que talvez venha tirando o sono de muitas organizações: “como as grandes empresas vão lidar com o surgimento de uma startup que muda seu negócio?”.
Por muitas vezes possuírem uma estrutura um tanto quanto engessada para acompanhar a agilidade que surgem as novas ferramentas, as grandes corporações se veem realmente em uma situação complicada. Enquanto elas tentam correr contra o tempo para conseguirem alcançar e implementar inovações, novas negócios surgem, quebrando paradigmas e estruturas. Como afirmou Valente, as principais organizações do mercado de hoje não relativamente novas e “de uma hora para outra aparece, crescem e disparam”. Uma situação que afeta a todos os setores. Afinal, qual será o futuro do bancos com as fintechs? E o amanhã das montadoras de automóveis com os serviços de táxi e também com a ideia de uma vida sem carro e mais sustentável?
A resposta de muitos, assim como aconteceu com a Telefónica, foi criando fundos de investimentos para novos empreendedores e startups. Atualmente, acredita-se que existam mais 1500 fundos no mundo, havendo 50 somente no Brasil. “Todos os mercados têm empresas conhecidas criando seus investimentos e que direcionam dinheiro para inovações”, declarou o executivo. Um ganho que vai muito além do aporte financeiro, pois esses novos negócios ainda recebem ajuda de profissionais dessas encubadoras. “E como essas startups crescem muito rápido, o investimento começa desde a base. É um capital para testar mesmo, ver se as startups conseguem se desenvolver”.
Mas, o que ganham as grandes empresas? Obviamente, o investimento de grandes quantias em novos negócios não se trata de só uma ajuda. Ela também ganham retorno e o objetivo é justamente esse. Ao ajudar que essas pequenas organizações tecnológicas se desenvolvam e criem seus projetos, as grandes companhias têm a chance de criar parcerias e assim desenvolver a própria em prol do seu crescimento, da aproximação do cliente, do atendimento de excelência, oferecimento de uma melhor experiência etc. No caso da Telefónica Open Future, Valente conta que ela já está presente em 17 países, com 41 escritórios pelo mundo e cerca de 20% do portfólio de investimento já geraram algum negócio com a empresa. Ou seja, essas startups cresceram de tal maneira, que conseguiram se tornar parceiras e ajudar a Telefónica. “Não é só investimento, mas é uma troca, gerando valores para ambos os lados. É muito importante que a gente gere negócios, principalmente, para atender o cliente da melhor maneira”, diz ele. “É muito importante que startups surjam para gerar essa agilidade de desenvolvimento de novos produtos, uma coisa que jamais conseguiríamos fazer internamente.”
Essa é, então, a estratégia encontrada para conseguir acompanhar a demanda de mercado, que se transforma na velocidade da luz. Uma ideia de que uma mão lava a outra e que, segundo o executivo, requer uma mudança de cultura das grandes empresas. Pois elas passam da posição de olhar com maus olhos os novos companheiros de mercado, para a situação de querer ajudá-los, para se ajudar. “Temos que abrir a porta para que as novas tecnologias possam entrar. Temos que estar abertos para escutar e permitir que a startup possa criar. Entender de que às vezes elas podem oferecer muito mais do que imaginamos”, pontua.