Um estudo da Serasa, elaborado a partir dos demonstrativos contábeis de mais 11 mil empresas do setor de serviços, mostra que os investimentos em ativos fixos realizados pelas empresas dos mais importantes segmentos de infra-estrutura do país, apresentam declínio nos últimos 4 anos.
O indicador foi calculado com base na seguinte metodologia: para cada ano, foi apurada a variação dos ativos imobilizados e o resultado dessa variação foi dividido pelo faturamento do último exercício do período, chegando-se ao índice de investimento que indica o percentual de faturamento destinado a aplicações em ativos destinados à produção de serviços, como máquinas, equipamentos e tecnologia.
Em 2000, os investimentos em ativos fixos representaram 19,6% do faturamento anual. Desde 2001 eles vêm caindo sistematicamente chegando a 7,3% em 2003. No ano de 2004, até setembro, o quadro não é diferente e os investimentos totais situam-se em 6% do faturamento. Mesmo com o faturamento crescendo em 2004, em função do aquecimento da economia, e com o retorno dos lucros em 2003 e 2004, a carência de investimentos evidencia a necessidade da definição de regras claras que viabilizem a inversão de novos recursos para dinamizar esse setor que é de grande importância para o desenvolvimento do país.
A pesquisa aponta ainda que o faturamento cresceu menos, quando comparado ao desempenho de todos os setores da economia, entre os anos de 1994 a setembro de 2004. Nesse período, o setor amargou altos prejuízos, reduziu os investimentos em ativos fixos ao mesmo tempo em que aumentou seu endividamento. Tal quadro é reflexo, em grande medida, da inexistência de um ambiente de negócios adequado aos investimentos em infra-estrutura no país.
O faturamento das empresas do setor de serviços cresceu, nesses onze anos, 49,6%, ao passo que as empresas de todos os setores cresceu 71,4%. A margem de lucro sobre o faturamento também é maior para todo o mercado que para as empresas do setor de serviços. No período, a taxa anual média de lucro do mercado ficou em torno de 2,8%, ao passo que para o setor de serviços foi de 0,7%, em função dos prejuízos do período.
A demora na definição de regras para os setores ligados à infra-estrutura e de serviços de utilidade pública e o fraco desempenho da economia no período, limitaram a realização de investimentos por parte das empresas do setor. No período, a taxa média de crescimento dos investimentos em ativos fixos foi insuficiente para compensar a inflação acumulada no período. Tal fato, implicou uma redução acumulada dos ativos imobilizados pelo setor de 21% no período de 1993 a 2004.