A crise econômica acarretou o aumento de juros sobre produtos e serviços, bem como no aumento do desemprego e do pessimismo por parte das pessoas. A consequência disso é a queda na procura por crédito e a ida aos pontos de vendas. Assim, o consumidor brasileiro voltou a escolher por compras mensais, reduziu os gastos fora do lar, passando a ficar em casa também aos finais de semana. E, ainda, passou a pesquisar mais sobre o quê e de quê marca comprar, podendo até abrir mão daquelas empresas que eram favoritas. Tudo isso, para no final das compras, conseguir equilibrar as finanças. Ou seja, foi uma sucessão de situações que culminaram para a maior procura do atacarejo nesses últimos anos, aumentando a presença de consumidores finais nesse canal de consumo.
Inclusive, a “oportunidade de conseguir preços mais baixos ao comprar grandes quantidades criou um novo hábito entre os brasileiros, de juntar os familiares mais próximos e fazer as compras do mês juntos”, como comenta Thiago Carvalho, assessor econômico da FecomercioSP. Um novo hábito que levou a esse segmento um novo perfil de clientes. Um mercado que além de não estar muito acostumado com a presença do público de varejo, viu crescer também a parcela que faz parte das classes A e B. De acordo com uma pesquisa feita pela Kantar Worldpanel, 49% das famílias dessas classes sociais fizeram compras em um atacarejo, ao menos uma vez durante o ano passado. Uma quantidade que já supera a Classe C, que teve uma proporção de 39%, e das classes D/E, com um terço do total.
Na verdade, apesar do público mais comum da categoria Cash & Carry ser de empreendedores de médio e pequeno porte, Carvalho comenta que são quatro grupos que formam a base de clientes desses negócios: transformadores, formado por lanchonetes e pizzarias; revendedores, que são mercearias e padarias; utilizadores (igrejas e escolas); e consumidor final. Não por menos, o executivo conta que as empresas dessa modalidade não viram muita escolha, senão procurarem por maneiras de investirem em suas estruturas e dinâmica de mercado.
O objetivo é, claro, aumentar a experiência do público do varejo desde sua primeira visita, a fim de que se sintam satisfeitos e fidelizados. Assim, negócios mudaram ambientação, com ar-condicionado, fachadas envidraçadas, espaço mais bem iluminados etc. Bem como em seus mix de produtos – maior variedade de marcas e produtos, bem como diferentes tamanhos de pacotes. “É importante ressaltar que a crise econômica não é o único fator que impulsiona o atacarejo. O crescimento é resultado também do processo de expansão em número de lojas e entrada em novas regiões, como o Nordeste, por exemplo”, adiciona.
Por outro lado, é sua própria estrutura tradicional que atrai as pessoas aos PDVs, como detalha o assessor econômico, o atacarejo oferece um preço mais competitivo do que os hipermercados por conta do baixo custo operacional que possuem. “Por estarem instaladas em um galpão, a própria loja desempenha o papel de depósito com os produtos empilhados em grandes estruturas ou nos corredores. O mix de produtos é menor quando comparado a um hipermercado e costuma-se oferecer dois preços ao cliente: um mais barato para quem levar grandes quantidades e outro mais caro para quem levar menos”, explica.