“Recessão no mercado financeiro interno deve ficar somente na esfera técnica. O Brasil pode entrar; porém, sairá rapidamente”, declarou Luiz Carlos Mendonça de Barros, diretor da Quest Investimentos e ex-ministro das Comunicações, durante seminário intitulado “Perspectivas Econômicas”, nesta quarta-feira (06/05), na Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Mendonça de Barros classificou de “consideráveis” as medidas de contenção adotadas até o momento pelo Banco Central. “Por tudo que foi e está sendo feito, não poderia dar uma nota abaixo de oito, até porque, nota dez não há”, afimrou.
Para ele, a queda das importações – especialmente de máquinas e bens de consumo -, com prejuízo aos investimentos, tem feito com que o PIB (Produto Interno Bruto) sofra conseqüências. “Essa crise gerou uma capacidade ociosa na indústria. Estamos com sobra de matérias-primas como minério de ferro por falta de produção. Por outro lado, temos de destacar que a massa salarial e o crédito estão mantendo nossos indicadores, mas o crescimento real partirá do consumo. O cenário deve se normalizar no próximo trimestre, inclusive refletindo positivamente na atividade industrial”, disse.
Já o ex-presidente do Banco Central e hoje sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, mostrou-se otimista em relação ao diagnóstico do FMI (Fundo Monetário Internacional), que previu que o Brasil encerrará 2009 com uma contração de 1,3% em sua economia, principalmente por conta da queda nos preços das commodities que exporta. Segundo ele, “o FMI emite relatórios atrasados, ou seja, cada momento deve ser analisado com cautela. Estou mais otimista em relação ao crescimento do país que, a meu ver, já deverá aparecer neste segundo trimestre”, declarou. Loyola disse que o pior da crise já aconteceu. “O Brasil sofrerá menos do que outros países com os reflexos da crise financeira internacional”.
Tanto Loyola quanto Mendonça de Barros foram unânimes ao analisar o motivo da contração de crédito. “Essa grande contração é oriunda do crédito externo. O Risco Brasil voltou hoje a 250, ou seja, de 500 retornamos a 250. O cenário de concessão de crédito irá se normalizar, impulsionando os setores afetados. A economia vai se recompor, é uma questão de tempo”, concordaram.
A superintendente de Produtos e Serviços da ACSP, Roseli Garcia, por sua vez, avaliou, em sua apresentação, o impacto da crise no comércio e varejo. “As empresas precisarão agora prestar mais atenção para manter os índices de inadimplência sob controle. Antes, no processo de liberação de crédito, muitas vezes esquecia-se de verificar a carteira de clientes. O comércio será beneficiado com as medidas tomadas, mas ainda é cedo para avaliar”, comentou.