Autor: Brunno Galvão
Está provado: o Instagram é muito mais do que uma rede social. Em um mundo onde o tempo se tornou a moeda mais valiosa que temos, o Instagram é uma espécie de banco central, onde todos têm um capital de giro investido. O tempo é uma moeda universal, que não tem flutuação na bolsa e que passa igual para todos nós. Um minuto é igual no Brasil ou na Austrália. Então pensa, quanto tempo você passa no Instagram?
Cada perfil é uma porta de entrada para um universo que vai muito além das postagens em piscinas infinitas, festas bombadas, bebês fofos, gatos serelepes, drinks em barcos, frases motivacionais, desabafos e selfies com paisagens de fundo. Cada pessoa é um canal de conteúdo, que o espectador vai deslizando procurando algo que muitas vezes ele nem sabe o que é. E enquanto “mata o tempo” interage, aprende, troca, flerta, cria laços, idolatra, odeia, ama e… compra. Sim, o Instagram é a maior loja virtual do planeta. Cada perfil é uma vitrine e cada seguidor é um cliente em potencial. Nem todo mundo gasta necessariamente dinheiro, mas se estiver gastando tempo…
Cada story é um recorte do cotidiano quase em tempo real. É uma live dirigida, pensada, ensaiada. Se a mensagem não foi passada da maneira que a pessoa espera o vídeo é refeito. A publicidade na TV custa caro e dura 30 segundos. É o equivalente a dois stories. A vantagem está no approach. É pessoal, dinâmico… Quase uma conversa, porque a interação é o ponto chave. Quem não interage não cria diálogo e quem não cria diálogo não vende. Simples assim. Mas o que as pessoas vendem? No mínimo cada um está vendendo uma imagem, ou a projeção de como quer que os seguidores o vejam. Mas há um universo muito maior por trás disso. Enquanto mostram a “vida”, se vende life style. E daí vemos o mercado fitness bombando, com influncers que vendem comida fit, pré-treinos, divulgam academias – ganham por isso – e por aí vai.
Estou falando só de um segmento, mercado fitness. Mas já vi influencer posando com uma piscina de fundo e vendendo cloro para piscina. Entendeu? É a venda indireta mais direta que existe. O seguidor vem de maneira orgânica, por afinidade. E vai gastando seu tempo. E de repente… Está no site de alguma loja, comprando alguma coisa, que foi indicada pelo seu influencer. Há algo errado nisso? Não. A publicidade faz isso há anos e ainda faz. Assim como em um comercial de TV ninguém é obrigado a comprar nada, só é posta uma oferta no colo do espectador. É ele quem decide o que fazer.
Nesse contexto surge o close friends. Essa ferramenta determina que só verão teus stories os perfis que você selecionar. É uma espécie de clube exclusivo, onde só entram os convidados. Dessa forma o perfil direciona um conteúdo específico. Veja, os stories continuam para todos, assim como o feed e o IGTV. Mas a palavra “exclusivo” sempre vem com uma conta numa bandeja. Se 90% do conteúdo é entregue gratuitamente, o clube privado acaba tendo algum custo. Não tem jeito. Seja o custo do network, de um status de amigo ainda mais íntimo ou… Necessariamente de dinheiro.
Quando seu perfil entrega aprendizado, experiência e dica como conteúdo gratuito em 90% das postagens o close friends vira o que não está na vitrine. Vira a peça exclusiva que só vai ser oferecida para os clientes que estiverem dispostos a pagar por isso. A pessoa já está gastando o tempo dela com você, mas não se deve esquecer que você também está. E o tempo vele dinheiro. E tem muito dinheiro investido ali no Instagram. E se ali é o “banco mundial” o close friends é linha de crédito. É onde você a pergunta: “Está gostando do que eu estou te entregando? Então está na hora de você me dar crédito.” E se a pessoa decide gastar mais que seu tempo com você, ela não é um “amigo próximo”. É alguém que está investindo junto. É alguém que virou teu sócio.
Brunno Galvão especialista em empreendedorismo, master coach. Já desenvolveu startups nos mercados de marketplace, comércio eletrônico e mobile app e é CEO e fundador do Hospital Popular de Medicina Veterinária.