Pouco tempo atrás, a intranet invadiu o mundo empresarial com a promessa de facilitar o repasse de informações e o intercâmbio comunicativo. Rapidamente, alcançou o status de vedete. Pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), realizada em 2002, mostra que a intranet está disponível aos funcionários de 77% das maiores empresas brasileiras. No entanto, nem tudo são flores. Do anonimato ao estrelado, há um longo caminho a ser percorrido. Não basta implantar o sistema na organização e achar que, do dia para a noite, todos os funcionários estarão desfrutando de seus recursos.
Nesse contexto, a intranet pode ser vista como uma oportunidade e um desafio. É indiscutível que, quando bem estruturada e desenvolvida, é uma poderosa ferramenta de comunicação. Por reunir vários elementos, como áudio, texto e vídeo, em um só meio e permitir interação entre os usuários, a intranet é um veículo rápido e flexível como nenhum outro. Ao mesmo tempo, trata-se de um grande desafio. Sem um planejamento estratégico que propague o uso da tecnologia, instrua e envolva os funcionários, qualquer intranet, por mais bem-feita que seja, está fadada ao ostracismo.
Como toda nova mídia, demora até que as pessoas se acostumem a ela. Foi assim com o telefone, com a televisão, com o computador. Com a intranet não será diferente. Mudanças culturais demandam tempo e um intenso trabalho de divulgação. Para alguns funcionários, a intranet ainda é um bicho de sete cabeças. Desmistificar essa visão é o primeiro passo para as empresas que almejam o sucesso.
A inclusão digital não é um problema apenas empresarial, e sim nacional. Porém, aqueles que desejam lucro e competitividade em um mundo globalizado terão de encontrar saídas para derrubar esse obstáculo. Os números são alentadores e revelam que os usuários de internet no Brasil quadruplicaram de 2000 a 2003, segundo estudo do Fórum Econômico Mundial. Dominando os recursos da internet, lidar com a intranet se torna bem mais fácil.
Mas a questão é mais ampla. Envolve pessoas. Trata-se de contribuir para o desenvolvimento profissional e pessoal de cada uma delas, de democratizar o acesso a novas tecnologias. A rede de computadores interligados internamente tornou-se realidade dentro das organizações. A empresa que aposta na educação digital de seus funcionários ganha não só com aumento da produtividade, mas com a motivação deles, que vale ouro.
Por ser uma potencial facilitadora, a tendência é que a intranet dissemine-se cada vez mais. Ela não veio para substituir outros veículos, como jornais, boletins, mural e até o importante relacionamento face a face. E, sim, para agregar, tornando-se, com o passar do tempo, o guarda-chuva da comunicação interna. Como se preparar para isso?
Recursos, treinamento e gestores são as palavras-chave. Garantir o acesso a todos os funcionários, treiná-los para que possam utilizar a ferramenta da melhor maneira possível e ter uma equipe de gestores de conteúdo para abastecê-la full time são imprescindíveis. Não é tarefa fácil? Talvez. Mas não é das mais difíceis. O foco está nas pessoas. A organização que perceber isso e, sobretudo, colocar em prática essa filosofia, trilhará, com mais facilidade, o caminho do sucesso na comunicação.
Domingos Crescente é presidente da LDC Comunicação.