Autor: Alessander Firmino
O Brasil já contabiliza mais celulares que pessoas. De acordo com a Anatel, em janeiro de 2018 o país somava 236,5 milhões de linhas móveis e, segundo o IBGE, a população é de 207,7 milhões de habitantes. Este cenário traz consigo muitas mudanças de comportamento no que diz respeito a como os consumidores navegam e fazem suas compras. E ter uma estratégia que considere este novo momento é vital para o varejo e para as marcas.
Há cerca de quatro anos, o mercado já voltava os olhos para a necessidade de estar presente no ambiente mobile. Ter um site responsivo era questão de sobrevivência. Mas o fato é que em muito pouco tempo o jogo virou mais uma vez.
Prova disso são os números do estudo Análise do E-commerce no Mundo, da Criteo, referente ao último trimestre de 2017. De acordo com o relatório, no Brasil os varejistas que investem em vendas via app e web mobile já têm 48% das transações online feitas no ambiente móvel.
A pesquisa revela ainda que das compras realizadas pelo desktop, 22% são precedidas de um clique no mobile. Também impressiona a rapidez com que o segmento vem ganhando espaço. Nos últimos três meses do ano passado, houve um aumento de 51% nas transações concluídas através de celulares (apps excluídos) em relação ao mesmo período de 2016. Em compensação, o número de pedidos feitos via desktop caiu 13%.
E não é só por aqui, mobile e apps são uma tendência global
Revelando uma forte tendência global, o estudo constatou que globalmente o segmento móvel já responde por mais de 50% das transações online. Assim como no Brasil, na América Latina como um todo, varejistas com aplicativos geram 48% das vendas em dispositivos móveis. Também na região, a taxa de conversão em apps é três vezes mais alta que na web mobile.
Mas novas oportunidades trazem novos desafios
Os aplicativos oferecem aos varejistas e marcas a capacidade de se comunicar melhor e se envolver pessoalmente com o cliente. Com a maioria das vendas online envolvendo vários dispositivos e canais, há uma oportunidade clara aqui, uma vez que apps bem-sucedidos também podem ajudar a gerar maiores taxas de conversão no desktop, que ainda representa 52% de todas as vendas no Brasil.
Entretanto, nem todas as empresas estão preparadas para essa nova conjuntura. Os pequenos negócios sofrem com o orçamento apertado, visto que estabelecer uma atuação forte no mobile e desenvolver um bom aplicativo requer recursos que essas empresas muitas vezes ainda não possuem. Já outras companhias de médio e grande porte pecam pela falta de um plano assertivo e amplo que não foque apenas no dispositivo, mas considere toda jornada de compras, porque a chave é focar nos clientes e colocá-los no centro da estratégia.
O fato é: estar presente no ambiente mobile é fundamental, mas as estratégias devem ser cross-device
As pequenas empresas que ainda não conseguem investir no mobile não podem perder tempo. É necessário traçar uma estratégia para adentrar ao ambiente móvel o mais rápido possível. E independente do tamanho, todas devem ter em mente que o caminho percorrido pelo consumidor até fechar negócio ficou muito mais complexo e que fazer parte do cenário mobile é essencial não apenas para sobreviver, mas também para prosperar.
Mas só isso não basta. O consumidor é omnichannel. Ele navega utilizando diferentes telas, de qualquer lugar, a qualquer momento, e tem muito mais poder nas mãos. É importante conectar todos os pontos para ter uma visão holística do cliente. E o esforço vale à pena. Segundo o levantamento da Criteo, clientes que acessam diferentes dispositivos para fazer uma compra gastam em média 17% a mais.
Para engajar o omnishopper, além de uma atuação mobile de peso, um planejamento baseado em dados é de suma importância porque é crucial saber exatamente onde, quando e como impactar o consumidor da melhor forma possível. A maioria das marcas e varejistas, especialmente os menores, estão em desvantagem significativa em relação aos gigantes digitais quando se trata desse assunto – tanto em termos de volume de dados quanto de capacidade de torná-los acessíveis e acionáveis para impulsionar o consumo.
E é aí que entram os bancos de dados coletivos para equilibrar essa balança. O uso de dados em larga escala é fundamental para entender os consumidores, garantindo que marcas e varejistas continuem competitivos num mercado em desenvolvimento. Diante de um cenário em que as gigantes digitais ganham cada vez mais espaço e os consumidores estão cada vez mais exigentes e voláteis, a cooperação é a peça chave para que marcas e varejistas consigam entregar experiências relevantes aos seus clientes. A colaboração traz um poderoso efeito de rede que beneficia todos os participantes, ajudando a gerar mais vendas e lucros.
É essa a aposta para o sucesso: presença mobile com aplicativo forte aliada a um planejamento cross-device baseado em dados.
E você? Qual será sua estratégia daqui para frente?
Alessander Firmino é diretor da Criteo para o Brasil e América Latina.