Sua empresa foi feita para durar?

Autor: Airton Cicchetto
Você acredita que, em longo prazo, sua empresa estará ativa e atuando regularmente no mercado? Na semana passada, o jornal Valor Econômico publicou uma pesquisa, conduzida pela consultoria Estrategy&, integrante da PwC, com 511 executivos de vários países (entre eles o Brasil) que afirma que há cinco tipos de empresa.
 
O primeiro grupo é o das que estão desorientadas, sem estratégia bem definida. O segundo, das que estão distraídas, onde há tanta coisa na mesa que as prioridades não ficam claras. Depois aparecem as que não têm clareza na alocação de recursos para o que realmente importa. Outra categoria é a de companhias que “estão no jogo”, embora tenham dificuldade de priorizar áreas críticas. Por fim, existem as que definem bem suas capacitações estratégicas e usam adequadamente seus recursos para desenvolvê-las. Estas representam apenas 7% do total.
Os números da pesquisa impressionam, pois demonstram que cerca de 93% das empresas, no mundo, não sabe a razão de sua existência, não conseguem identificar quais são suas competências essenciais, orientar e planejar sua capacitação estratégica e transformar metas em ações.
E o que acontecerá com estas empresas? Elas, muito provavelmente, sucumbirão. Isto é, não sobreviverão em médio e longo prazo. Seu destino final será a falência, fecharão as portas, reduzirão seu tamanho, mudarão sua identidade ou, então, serão incorporadas por outra organização. Esta pode parecer uma predição catastrófica, mas se fizermos uma breve retrospectiva, vamos entender que se trata de uma previsão bastante realista. Sabe-se que, atualmente, somente figuram na lista 67 empresas das 500 maiores, listadas pela Revista Fortune de 1955, ano em que a lista das 500 foi editada pela primeira vez. Ou seja, não mais que 13,4% das empresas sobreviveram ao longo destes quase 60 anos. A imensa maioria (86,6%) faliu, foi incorporada ou diminuiu de tamanho e não mais faz parte da lista da Fortune.
Estatísticas mais recentes demonstram que este processo de declínio organizacional continua em curso, pois cerca de um terço das empresas listadas na Fortune 500 em 1980, haviam desaparecido da lista em 1996 e, ainda, somente três das companhias “top 10” do mundo em 1972, permaneciam no topo, entre as dez melhores, no ano 2000.
A matéria do Valor Econômico mostra que, hoje, segundo a pesquisa, apenas 7% tem controle sobre seu futuro e, provavelmente sobreviverão, enquanto cerca de 93% das empresas estão na rota do desaparecimento. É, igualmente compreensível, observar que nos últimos quase 60 anos 13,4% sobreviveram e hoje apenas 7% aparentam ter condições de sobrevivência. Esta queda do percentual das possíveis sobreviventes pode estar relacionada com a maior dinâmica atual do mundo dos negócios, isto é, com as severas condições que se apresentam no ambiente em que as empresas operam nos dias de hoje.
Há uma disciplina que estuda o fenômeno do ciclo de vida das organizações e o descreve em cinco etapas: nascimento (start-up), crescimento, maturidade, declínio e morte, que é análogo ao ciclo de vida biológico dos organismos vivos. Admitindo-se a comparação, pode-se inferir que, para se manter vivas e operantes, as empresas precisam cuidar de sua saúde e se manter fortes. Precisam continuamente construir seu futuro, e para tal há uma sequência de cuidados que se inicia pelo entendimento de suas competências essenciais, definição de seu modelo de negócios orientado a gerar valor para seus clientes, fortalecimento de suas capacidades e planejamento estratégico. Este é o caminho do sucesso, que resulta na própria sobrevivência e no atendimento das demandas de todos os seus públicos de interesse, seus stakeholders.  
Respondendo, então, a pergunta: se este for o caso de sua empresa, ótimo, ela se situa no universo das 7% com maiores chances de sobreviver; se porém, este não for o caso, você agora deve convir que o futuro é incerto e poderá não ter um final feliz. Se quiser mudar essa realidade, é preciso começar a tomar providências.
Airton Cicchetto é engenheiro, mestre em administração de empresas e idealizador do modelo SCG – Simples Complexo Gerencial – Simplificando a Gestão.

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