Autor: Anselmo Martini
Que o consumo de conteúdo por meio da internet cresceu consideravelmente nos últimos anos, não temos como negar. Hoje, há uma infinidade de plataformas capazes de oferecer ao telespectador aquilo que ele realmente quer assistir, livre de propagandas e sem a obrigação de esperar o horário de sua programação. O que percebemos com esse cenário é que a TV aberta e por assinatura vem perdendo um grande espaço para os vídeos on demand (VoD), e isso acontece devido a mudança no comportamento dos consumidores.
De acordo com uma pesquisa realizada pela RBC Capital Markets, banco de investimento global, em agosto de 2016 mais de 80% dos usuários de internet no Brasil usaram o YouTube para ver filmes ou programas de TV, seguida da Netflix, com 71%. Já as emissoras de televisão, como Globo e SBT, por exemplo, ficaram mais atrás, com 50% e 40%, respectivamente.
Outros dados da mesma pesquisa apontam que durante os cinco anos no país, a Netflix conquistou o consumidor brasileiro. 57% dos usuários entrevistados eram assinantes do serviço de streaming, enquanto nos EUA, seu país de origem, esse número chegou a 46%.
A mudança nos hábitos de consumo e a evolução da tecnologia influenciaram no surgimento de novos modelos e ofertas de negócios. Se fizermos uma breve análise, depois da década de 70 as telenovelas ganharam força no mercado brasileiro e passaram a ditar moda. A procura pela cor do batom de uma personagem, a roupa de outra, o carro do protagonista e até a cidade que serviu de cenário, aumentou e algumas emissoras enxergaram uma oportunidade de mercado. Foi aí que surgiu a Central de Atendimento ao Telespectador (CAT), em que é possível, via telefone, consultar o modelo e a marca de um determinado produto.
Esse serviço permeia até hoje, mas imagina torná-lo ainda mais atrativo e imediato? Oferecer ao telespectador a possibilidade de comprar, com apenas um clique, os produtos exibidos nos programas sem ter a necessidade de sair do canal ou do conteúdo que está assistindo já é possível.
Foram muito anos de pesquisas e testes para transformar em realidade o que até então fora chamado de utopia, a tecnologia T-Commerce. Apesar de nova e desconhecida por muitos, possui um longo caminho a desbravar e pode ser uma ferramenta para que as empresas, sejam elas emissoras, serviços de streaming, e-commerces e produtores de conteúdo independente, maximizem sua receita.
A proposta de disponibilizar em um único canal, televisão e e-commerce, além de facilitar a aquisição dos produtos desejados, também possibilita atingir a parcela de consumidores que utilizam o comércio digital e estamos falando de um grande mercado.
Segundo dados da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), o mercado de e-commerce no Brasil cresce exponencialmente. O setor faturou, em 2016, R$ 53,4 bilhões e registrou alta de 11% em relação a 2015. A expectativa é que em 2017 o segmento continue em expansão e atinja o faturamento de R$ 59,9 bilhões. Então por que não aproveitar esse momento?
Não é de hoje que a palavra-chave é a inovação e tenho certeza que o T-Commerce se tornará mais frequente na vida de todos. Afinal, estamos falando de uma tendência que surgiu para acompanhar a mudança no padrão de consumo e é uma realidade que só vai aumentar no decorrer dos anos.
Anselmo Martini é vice-presidente de marketing global do grupo CinemallTec.