Hoje, uma das grandes novidades tecnológicas do mercado é a realidade aumentada e virtual. Tanto que são várias as empresas que planejam maneiras de investir nessas plataformas, oferecendo inovações como forma de atrativo. Mas, por mais que seja preciso se preocupar com as tendências, é necessário também ter certa cautela. O CEO da Croma Marketing, Edmar Bula, conta que não é de hoje que negócios apostam na realidade virtual como maneira de engajar clientes. Desde 2006, quando surgiram jogos com mundos virtuais, como Second Life, muitas tentaram participar na interação com usuários.
Segundo o executivo, esse é um exemplo real de como muitas organizações investem em novas tecnologias mais porque houve uma grande adesão do público, chamado de efeito de manada. “As marcas estão tentando explorar isso há tempos, mas tão rápido quanto esses jogos surgiram, tão rápido se foram”, explica. Assim como está acontecendo com o Pokémon Go, em que houve uma grande procura de usuários, mas hoje já não é tão mais visado quanto antes. Por isso é essencial ter cuidado ao aderir a essas novidades, para que não seja mais uma perda de dinheiro do que estratégia bem-sucedida.
Dessa maneira, para conquistar bons resultados, Bula afirma que mais do que se preocupar com a ferramenta em si, é preciso analisar o comportamento dos clientes. De acordo com ele, os dois aspectos devem ser avaliados pelo mesmo ponto de vista, “porque a tecnologia por si só não é capaz de agregar nada, a tecnologia junto à necessidade do comportamento diz tudo”. O fato de ter uma tecnologia acessível, não quer dizer muita coisa se a sociedade não estiver pronta para usá-la. Assim, por mais interessante que a realidade virtual possa ser, é necessário planejar, antes, o quão útil ela será empregada para o público.
Além disso, uma das críticas do executivo é que, no mercado brasileiro, poucas as empresas que fazem uso da realidade aumentada para consumo, sendo muito mais focado para ações de publicidade. Os casos mais comuns de implementação dessa tecnologia estão nos segmentos de moda e cosméticos. Mas, um exemplo de falha na análise do comportamento do público, é o fato de empresas possuem espelhos virtuais em seus aplicativos, chamando-os pelo nome em inglês – virtual mirror. “Se a gente levar em consideração de que poucos da população brasileira falam inglês, fica fácil de entender porque ninguém usa”, detalha. “Então, é uma tecnologia que é bacana, é útil, pode entreter, mas a forma de aplicação ainda está muito no território da tecnologia.”
Ou seja, às vezes, é muito melhor procurar simplificar a situação para que haja uma maior aderência do público, do que tentar ser propriamente dito como novo. “Não existe mais a diferença do real e do virtual, tudo é uma coisa só. Se eu quero comprar na loja online e quiser retirar na loja física, tudo bem, a escolha é minha. A marca tem que, no mínimo, me colocar isso à disposição”, diz Bula. Para ele, a tecnologia deve ser investida para ser uma viabilizadora de algum processo, para que a pessoa faça uma ação de modo natural, tal como é utilizar um celular ou microondas, em que ela não pensa sobre seu uso, apenas utiliza de forma fácil. “Esse viés da tecnologia tem que ser limpo, ela tem que ser utilizada de uma maneira muito mais simples e em uma linguagem muito mais adequada ao código cultural do brasileiro.”
Como dica para qualquer negócio que hoje busca implementar a realidade aumentada ou virtual em suas estratégias é criar algo que tenha utilidade para a pessoa, além do entretenimento. “Se for só uma coisa e não outra, não é o que as pessoas estão buscando hoje. Esses dois pilares têm que estar presentes no processo de compra e as marcas precisam criar experiências que sejam adequadas. Caso contrário, será uma experiência tecnologicamente bem executada e pouco aderente à realidade das pessoas e vai ser uma realidade somente virtual”.