Gerir a ética de uma corporação parece algo intangível, pois o que é ético para um, pode não ser para o outro. Porém, há quem diga que sem o uso de ferramentas de compliance, as quais reforçam as regras, para assim manter certa ordem dentro de uma organização, as possibilidades de fraudes aumentam consideravelmente. Em entrevista exclusiva ao Portal ClienteSA, Renato Santos, líder da frente ética e compliance da ICTS – empresa com atuação no mercado de riscos de negócios-, explica como a gestão da ética corporativa é fundamental a vida de uma companhia. “A ética faz parte da estratégia da empresa, tanto quanto os resultados. Se for diferente disso, haverá uma quebra na confiança, credibilidade, lealdade nas relações, algo que qualquer cliente busca”, afirma Santos.
Segundo a pesquisa, “Perfil Ético dos Profissionais das Corporações Brasileiras”, desenvolvida pela própria ICTS, as empresas têm percebido a necessidade imediata de reforçar a sua cultura ética para seus colaboradores, já que, se a postura for omissa quanto à conduta ética esperada, a maioria (69%) dos profissionais, será flexível quando confrontada em dilemas éticos no seu dia a dia. “Entretanto, essa flexibilidade pode ser trabalhada positivamente quando a organização atua de forma efetiva no reforço da ética”, destaca Santos.
Para reforçar os princípios éticos da organização a todos os colaboradores, Renato acredita que é preciso investir em programas complexos de gestão, os quais devem compreender ações, como a elaboração de um código de conduta – ferramenta que abrange, além de normas e diretrizes sobre valores éticos que devem ser seguidos, os comportamentos que a empresa espera de seus funcionários em situações específicas. “É importante que a organização adote, para seus colaboradores, medidas educativas quanto aos valores éticos expressados no código de conduta, com o intuito de aproximar o grau de aderência destes com os de seus funcionários. O estabelecimento de um sistema de recrutamento centrado na ética – a atração, seleção e retenção de funcionários que compactuam com os valores éticos que a organização adota é de fundamental relevância”, pontua Santos.
Ainda segundo o executivo, a má gestão da ética corporativa, ou, o não uso de ferramentas de compliance, implica em ambientes de trabalho com maior tolerância à convivência com pessoas desonestas, algo que pode afetar o relacionamento com o cliente. “Percebemos a necessidade das organizações buscarem meios para analisarem não apenas a capacidade técnica e intelectual dos seus profissionais, mas também a capacidade de resistência a pressões situacionais quando diante de dilemas éticos que podem sofrer ao longo de suas atividades laborais”, evidencia.
E por que a voz de um só líder não basta à organização? De acordo com Renato, porque este pode ser volúvel quando colocado em meio a tantas outras condutas dentro de uma empresa. “A Pesquisa do Perfil Ético dos Profissionais das Corporações Brasileiras demonstrou que o líder é mais flexível do que o liderado”, diz. “Se o comportamento do líder é fortemente influenciado pelo contexto, as pressões pelos resultados e cultura organizacional permissiva não ajudam os comportamentos éticos”, finaliza Santos.