Embora existam oportunidades significativas, o Brasil ainda enfrenta desafios substanciais em garantir acesso igualitário à inclusão digital
Autora: Claudia Paula
A busca por igualdade racial e inclusão na sociedade deve ser uma prioridade de todo o mercado, especialmente em setores em alto crescimento, como o de tecnologia e de serviços financeiros. Esses segmentos, historicamente marcados por desafios no que se refere à diversidade, têm o potencial de desempenhar um papel decisivo na construção de um espaço mais inclusivo e representativo.
A ampliação da inclusão digital e do acesso a pagamentos eletrônicos tem o potencial de transformar a vida de milhões de brasileiros, promovendo a democratização dos serviços financeiros e estimulando o empreendedorismo.
Embora existam oportunidades significativas, o Brasil ainda enfrenta desafios substanciais em garantir acesso igualitário à inclusão digital. Mesmo com a população negra representando mais de 50% dos habitantes, persistem barreiras. Nesse cenário, superar esses obstáculos é fundamental para garantir que o avanço tecnológico traga benefícios equitativos para todos e que a evolução da tecnologia beneficie a todos de maneira justa.
De acordo com um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), realizado pela DIMA Consultoria, conectar os 10,6 milhões de afro-brasileiros atualmente sem acesso à internet poderia aumentar a renda anual dessa população em R$360 milhões. Mais do que um impacto econômico, esse avanço ampliaria o alcance do e-commerce, impulsionando a geração de receita, algo fundamental para o progresso do país.
No entanto, é preciso reconhecer que essa transformação vai além das transações financeiras. Trata-se de caminhos para ressignificar histórias e realidades, proporcionando mudanças duradouras.
Em 2021, tive uma experiência marcante que me fez refletir profundamente sobre a verdadeira grandeza da inclusão. Durante uma visita ao Quênia, um país formado por uma população majoritariamente negra, fui impactada pelo contraste com a minha própria realidade e pela riqueza da solidariedade e da resiliência daquela comunidade, que prosperava com recursos limitados, mas unidos. Essa vivência transformou minha visão sobre prosperidade e me fez compreender o poder de uma comunidade colaborativa e resiliente, que gera valor para além do financeiro.
Proporcionar a inclusão digital, portanto, significa muito além de desenvolver ferramentas tecnológicas; é também criar um ambiente receptivo e representativo para todos os usuários. Assegurar que cada pessoa tenha uma jornada que respeite sua diversidade e atenda às suas necessidades específicas é um passo primordial no caminho para uma sociedade mais justa.
Claudia Paula é superintendente comercial da Getnet Brasil.
