No atual cenário do mercado, dificilmente alguém sozinho consegue ter todas as respostas para os desafios. Cada vez mais, tem sido importante se unir com outros atores para chegar a soluções que tragam valor ao negócio. Por enxergar dentro dessa perspectiva, a Natura trabalha com inovação aberta há mais de 10 anos e com startups desde 2014, por meio de parcerias pontuais. Porém, em 2016, a companhia optou por formalizar esse tipo de parceria com a criação do Programa Natura Startups. “A Natura acredita que é fundamental se relacionar com o ecossistema de startups, seja para seguir transformando seu negócio e mantê-lo competitivo, seja para estimular o empreendedorismo e gerar oportunidades de conexões”, conta Luciano Abrantes, diretor de inovação digital da Natura.
Na visão do executivo, vivemos em um contexto no qual as inovações tecnológicas e de negócios são cada vez mais rápidas e disruptivas. “O contexto está mais complexo e as velhas práticas que construíram as grandes empresas até aqui não funcionam mais. Neste sentido, é fundamental para a sustentabilidade de qualquer negócio aprender a fazer as coisas de um jeito diferente, mais ágil, colaborativo e empático.” E é aí que, para ele, está a grande contribuição das startups para o mercado: por já nascerem neste contexto digital e complexo, elas iniciam as operações com um novo mindset, mais ajustado às necessidades atuais, o que faz com que elas sejam grandes parceiras para a transformação/virada de chave que as grandes empresas precisam fazer.
O diretor na Natura acredita que as parcerias são uma troca de experiências, conhecimento e aceleração de crescimento muito proveitosa para ambas as partes. “De um lado, a startup pode conviver com executivos de um negócio já consolidado e que obteve uma série de aprendizados nessa jornada, que com certeza podem ser compartilhados com as startups.” De outro lado, o executivo destaca que as grandes empresas podem oxigenar as práticas, maneiras de conduzir projetos, acelerar a inovação para manter o negócio competitivo e a atualizar própria cultura. “Ao se relacionar com startups, a grande empresa tem a oportunidade de fomentar uma cultura intraempreendedora, provocando o modelo mental e de trabalho já estabelecido, além de terem a oportunidade de aprender a operar em uma lógica diferente da qual se estabeleceram”, reforça.
ESTRATÉGIA AMPLA
No caso do Programa Natura Startups, Abrantes explica que a busca é por viabilizar, colaborar e acelerar oportunidades, por meio de parcerias e geração de negócios, com foco em crescimento, diferenciação e desenvolvimento sustentável. Assim, ele funciona em três frentes. Uma delas é o Portal Natura Startups, onde qualquer startup pode se cadastrar e submeter uma proposta, que será avaliada pelo time de inovação do programa. “Caso haja sinergia com a Natura, segue para a próxima etapa, que é a conexão com as áreas especialistas para possíveis testes.” No ano passado, mais de 100 empresas se inscreveram no programa, das quais 14 firmaram contrato para teste-conceito e três se tornaram fornecedoras.
Outra frente é o Natura Pitch, vento demoday que acontece trimestralmente, quando startups do mercado são convidadas a se apresentar para uma banca de líderes Natura (C-level) para terem as propostas analisadas e conectadas com as áreas especialistas caso haja sinergia. “Esse evento busca encontrar as startups mais disruptivas para acelerar a inovação na empresa”, comenta. Além disso, a empresa patrocina o movimento 100 Open Startups, possibilitando o acesso a uma grande base de dados acerca das startups, além de atuar como avaliadores delas, dando feedbacks e contribuindo para suas evoluções. “Neste movimento, participamos de eventos buscando encontrar startups que tenham conexão com a empresa e também atuamos como criadores de conteúdo para o ecossistema”, acrescenta o diretor.
Como resultados, a empresa conseguiu, em 2017, melhorar processos e acelerar inovações. “Temos observado resultados já interessantes de ações com foco nos clientes.” Um exemplo citado pelo executivo é o bot de recomendação de produtos no Facebook, feito em parceria com a startup Insite, que auxilia o consumidor no momento da compra, facilitando a escolha e trazendo mais agilidade para este processo. “Além disso, grande parte de nossas parcerias incorporadas à operação tiveram como principal proposta de valor a melhoria de processos para trazer mais agilidade e eficiência no dia a dia, sendo um benefício mais indireto para os clientes neste primeiro momento, mas com reflexos ´na ponta´, com serviços mais ágeis e processos mais assertivos”, explicita.
AÇÕES INTERNAS
Um ponto visto como fundamental nessa estratégia da Natura, segundo Abrantes, é que o programa é formado por um time multidisciplinar, incluindo representantes de todas as diretorias de inovação existentes: inovação digital, inovação comercial, inovação em operações e logística e inovação de produtos. “Ou seja, é uma frente transversal na empresa, que abrange também as demais áreas, mesmo aquelas que não possuem diretorias de inovação formais. Nossa missão como programa é acelerar a inovação na Natura, atuando como ponto de relacionamento com o ecossistema externo, identificando oportunidades, conectando e servindo de apoio para as startups interagirem com as áreas da Natura.” Assim, além disso, a empresa busca capacitar e engajar todos os colaboradores neste novo jeito de inovar, pois acredita que a transformação interna é fundamental para a sustentabilidade do negócio.